Modos diversos de atingir a Índia: gêneros literários e descontinuidade
DOI:
https://doi.org/10.17851/2359-0076.34.52.117-133Palavras-chave:
Gonçalo M. Tavares, poema narrativo, tradição épica, CamõesResumo
Publicado em 2010, Uma viagem à Índia: melancolia contemporânea (um itinerário), de Gonçalo M. Tavares, é um poema narrativo, com 10 seções denominadas “cantos”, que se organiza, entre outros aspectos, por analogias formais com Os Lusíadas, para mencionar apenas um dos livros com que dialoga. Além de cada canto da obra contemporânea conter o exato número de estâncias presentes no poema de Luís de Camões, discernem-se outras aproximações, em diversos níveis, o que parece permitir supor que o modo de produção de sentidos do poema mais recente possa ser entendido como relacional. O objetivo desta exposição é discutir o modo como se abre o poema contemporâneo, em cujo subtítulo delineia-se um itinerário, ancorado no termo “melancolia”. Esboçam-se, ainda, alguns movimentos de análise da poética que acompanharia o projeto ficcional do livro, bem como das peculiaridades e das indefinições de gênero literário de Uma viagem à Índia (que dialoga com a tradição épica, com a tradição do poema narrativo dos séculos XIX e XX, bem como com produções romanescas como o Ulisses, de James Joyce). Como esse livro especificamente pode contribuir com redimensionamentos de tais tradições é questão não alheia à discussão.
Gonçalo M. Tavares has published, in 2010, a book entitled Uma viagem à Índia: melancolia contemporânea (um itinerário). This narrative poem is organized in 10 sections called “cantos”,showing a great amount of evidences of formal parallelism with Os Lusíadas (Camões´epic), among other dialogues with tradition (James Joyce´s Ulysses and also the greek ancestor and formal model, Odyssey). The proposal of this paper is to discuss how and in what measure those parallelisms may suggest relacional reading strategies. It should be considered, in addition, the subtitle of the book: “melancolia contemporânea (um itinerário)”. In addition, it will be added some appointments about a certain poetic that organizes the contemporary book, as well as some short reflexions about gender indefinitions in the same book (that evokes elements taken from epic tradition, narrative poem tradition as well as Romanesque tradition). How could this book specifically contribute to reconstruct or not such traditions is not a question strange to this proposal.