A memória de Camilo Castelo Branco no primeiro centenário do seu nascimento

as polémicas d’Os Azeiteiros, dos monumentos e dos Livreiros à volta de Camilo (1917-1925)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17851/2359-0076.43.75.%25p

Palavras-chave:

Camilo Castelo Branco, comemorações do primeiro centenário, polêmicas

Resumo

A presente investigação resulta do tratamento de documentação à guarda da Biblioteca Municipal de Sintra, inserida na camiliana da referida instituição, como projeto da Cátedra Camilo Castelo Branco, financiado pela Câmara Municipal de Sintra, distrito de Lisboa; a coleção em causa representa um manifesto esforço de colecionismo de Rodrigo Simões do Carmo Costa (1873-1947). O presente trabalho configura uma recolha e seleção de fontes históricas que foram produzidas desde a morte do romancista, com o objetivo de providenciarem um entendimento sobre o primeiro centenário de nascimento de Camilo Castelo Branco. O resultado desta análise comprovou que o escritor luso se tornou intento fértil, aquando das comemorações que há cem anos tinham lugar, no seu primeiro centenário de nascimento, espoletando controvérsias em torno do aproveitamento da sua imagem, do usufruto da mesma, com especial relevo para o mundo livreiro. Desta investigação se retira que à volta de Camilo Castelo Branco (1825-1890) surgiram publicações variadas, expondo-se e observando-se os seus efeitos numa jovem República que findava a sua primeira experiência no ano seguinte, em 1926, depois de ter observado o rebuscar de Autores Oitocentistas como necessário enraizamento cultural, numa sociedade moldada por um pós-guerra tão turbulento, talvez, quanto as comemorações camilianas se haveriam de findar no Portugal dos anos vinte da centúria passada.

Biografia do Autor

  • Frederico Benvinda, Universidade de Lisboa (ULisboa)

    Frederico de Sousa Ribeiro Benvinda é estudante de doutoramento em história, especialidade em história contemporânea, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL). É investigador colaborador do Centro de História da Universidade de Lisboa (CH-UL) e bolseiro da FCT através da bolsa UI/BD/152204/2021 (DOI: 10.54499/UI/BD/152204/2021 - https://doi.org/10.54499/UI/BD/152204/2021).

  • Soraia Carvalho, Universidade de Lisboa (ULisboa)

    Soraia Milene Carvalho, Doutoranda em História, Especialidade História Contemporânea na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi bolseira de Investigação de Doutoramento financiada pela FCT (ref.ª 2021.08726.BD). É Mestre em História, Especialidade em História Moderna e Contemporânea pela FLUL, com a Dissertação "A Sociedade das Nações: Europa, Portugal e Agricultura" (2019). É investigadora do Centro de História da Universidade de Lisboa (CH-UL). Realizou um Estágio Curricular no Arquivo / Biblioteca do Instituto Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros em 2017, onde catalogou e inventariou, na respectiva plataforma online, Arquivo da Secretaria Portuguesa da Sociedade das Nações à guarda do Instituto Diplomático do MNE. Participou em encontros científicos em Portugal, Espanha, França, Suíça, Hungria, Sérvia, Polónia, Rússia, Argentina e Brasil, apresentando comunicações e publicações relacionadas com o pensamento republicano português e sobre a Organização Internacional em estudo (SDN). Entre 2017 e 2019, sob coordenação científica da Prof.ª Doutora Teresa Nunes, integrou o projecto de investigação bilateral entre Portugal e a Sérvia, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Integrou, similarmente, o projecto de investigação bilateral entre Portugal e a Polónia financiado pela FCT. Desenvolve investigação na camiliana de Sintra, projecto inserido na Cátedra Camilo Castelo Branco.

Referências

ABREU, J. P. A escultura no espaço público do Porto no século XX: inventário, história e perspetivas de interpretação. Barcelona: e−πολισ, Publicações da Universidade de Barcelona, 2005.

ALVES, P. A. O mercado editorial de lisboa: opinião pública e componente religiosa (1890-1910). 2015. 184 f. Tese (Mestrado em História) – Faculdade de Ciências Socias e Humanas, Universidade Nova de Lisboa. Lisboa, 2015.

BENVINDA, F.; CARVALHO, S. M. O culto camiliano no Portugal novecentista: singularidades e intenções do culto a Camilo Castelo Branco num período conflituante (1916-1925). Olho d’Água, São José do Rio Preto, v. 15, n. 1, p. 164-194, 2023. DOI: https://doi.org/10.29327/2193714.15.1-10.

BENVINDA, F.; CARVALHO, S. M. Um rato, ou apenas uma ratice?: O primeiro centenário do nascimento de Camilo Castelo Branco em Lisboa e na região Norte de Portugal. In: PAVANELO, L. M, NERY, A. A., SOUSA, S. G., SÁ, A. C. (Org.). Rumo aos 200 anos de Camilo do Oitocentos à atualidade. São Paulo: Pimenta Cultural, 2024. p. 99-121.

BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL. Achega para uma bibliografia das bibliografias camilianas. Lisboa: Biblioteca Nacional de Portugal, 1990.

CAFT. Factos e documentos referentes ao Culto Camiliano. Lisboa: Imprensa Lucas e C.a, 1925.

CÂMARA MUNICIPAL DO SEIXAL. Bibliografia camiliana da Biblioteca Municipal do Seixal: 1890-1990. Seixal: Câmara Municipal do Seixal, 1990.

CARNEIRO, J. Catalogo da livraria de João Carneiro & C.ta, Lisboa: Officinas Graphicas, 1917. n. 2.

CARVALHO, A. T. A Minha ‘Casa de Camilo’: comemoração do 99º aniversario do nascimento do glorioso escritor. Lisboa: [s. n.], 1924.

CARVALHO. E. (dir.). A shypilis do Dr. Hayes. O Zé, Lisboa, ano 7, n. 217, p. 5, 1 de jun. de 1915.

CASTRO, M. de. Os Azeiteiros de Camilo vistos e anotados por um camilianista obscuro. [S. l.]: 1925.

CHORÃO, L. B. A crise da república e a ditadura militar. Porto: Sextante Editora, 2010.

COSTA, E. (s. d.). Joaquim Madureira (Braz Burity). Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, Portugal, MNE. Dispinível em: http://cvc.instituto-camoes.pt/pessoas/joaquim-madureira-braz-burity.html. Acesso em: 28 out. 2024

FREIRE, J. P. (Mário). Azeite Escaldado… a verdade e o azeite andam ao de cima. Lisboa: Edição da Emprêsa Portuguesa de Livros Limitada, 1925.

FREIRE, J. P. (Mário). Camilo Castelo Branco: A campanha da lápide. Lisboa: Livraria Manuel dos Santos, 1917.

FREIRE, J. P. (Mário). Torre do Tombo... crónicas dispersas. Lisboa: Edição do autor, 1937.

JÚDICE, N. As vanguardas literárias. In: REIS, A. (Dir.). Portugal contemporâneo. Lisboa: Selecções do Reader’s Digest, 1996. v. II,

p. 253-262.

MARTINS, A. Para a história do monumento a Camilo. Porto: Empresa Gráfica do Porto, 1924.

NEVES, E. A. Camilo e a taça. In: NEVES, E. A.; CABRAL, A. P. Vila Real: história ao café. Vila Real: Museu de Vila Real, 2005. p. 298-306.

PAPELARIA E TIPOGRAFIA SANTOS & MAGALHÃES. Bandarilheiro Manuel dos Santos. Lisboa: Papelaria e Tipografia Santos & Magalhães, [s.d.]. Postal ilustrado da coleção de iconografia da Biblioteca Nacional de Portugal.

PEREIRA, J. Situação histórica e significado cultural da Renascença Portuguesa: o período de 1912 a 1917. In: TEIXEIRA, A. B.; NATÁRIO, C; CUNHA, J. T. D.; PEREIRA, J. C. S.; PIMENTEL, M. C.; GAMA, M.; EPIFÂNIO, R. (Coord.). A Renascença Portuguesa: Pensamento, Memória e Criação. Porto: Univ. do Porto, 2017. p. 19-31.

PORTO EDITORA. Agostinho de Campos. Infopédia [online]. Porto: Porto Editora. Disponível em: https://www.infopedia.pt/artigos/$agostinho-de-campos. Acesso em: 14 fev. 2024.

RETRATOS - Toureiros - 7 - Bandarilheiro. [s.l]: [s. n]., [s.d.]. Postal ilustrado da coleção de iconografia da Biblioteca Nacional de Portugal.

RUIM, J. Camilianistas: Cartas a Bento Chumelgas, moço d’uma esquina na Baixa. Lisboa: Centro Typographico Colonial, 1917.

SANTOS, J. Camiliana: descrição bibliográfica d’uma importante e valiosa colecção de obras do genial e popularíssimo romancista Camilo Castello Branco. Porto: Empresa Literária e Tipográfica, 1916.

SANTOS, J. Catálogo de alguns livros raros e curiosos à venda na Livraria Lusitana de José dos Santos & Irmão. Lisboa: Tipografia Cunha e Sá, 1910.

SANTOS, J. Catálogo de alguns livros raros e curiosos à venda na Livraria Lusitana de José dos Santos & Irmão. Lisboa: Tipografia Cunha e Sá, 1911.

SANTOS, J. Catálogo de alguns livros raros e curiosos à venda na Livraria Lusitana de José dos Santos & Irmão. Lisboa: Tipografia Cunha e Sá, 1913.

SANTOS, J. Catálogo de alguns livros raros e curiosos à venda na Livraria Lusitana de José dos Santos & Irmão. Lisboa: Tipografia Cunha e Sá, 1914.

SANTOS, J. Descrição bibliográfica da mais importante e valiosa camiliana que tem até hoje aparecido à venda no mercado compreendendo todas as obras originais, traduzidas ou prefaciadas por Camillo Castello Branco. Lisboa: Tipografia Eugénio Viana, 1939.

SANTOS, M. Bibliografia. Alguns livros raros e curiosos à venda na livraria de Manuel dos Santos. Lisboa: [s. n.], 1914.

SANTOS, M. Ele aí está!. Lisboa: Empresa Nacional de Publicidade, 1946.

SANTOS, M. J. Manuel dos Santos: o homem e o toureiro (1925-1973). Chamusca: Edições Castelão, 2015.

SANTOS, M. Revista bibliografica camiliana. Lisboa: Livraria Manuel dos Santos, 1917. v. I.

SANTOS, M. Revista bibliografica camiliana. Lisboa: Livraria Manuel dos Santos, 1923. v. II.

SANTOS, M. Revista bibliografica camiliana. Lisboa: Livraria Manuel dos Santos, 1926. v. III.

SANTOS, R. C. Noticia de alguns escriptos acerca da vida e obra de Camilo Castelo Branco. Lisboa: [s. n.], 1917.

SILVA, H. M. Monarquia do Norte: 1919. Matosinhos: Quidnovi, 2008.

SIMÕES, A. Os camilianistas e a praga maldita dos livreiros. Lisboa: Edição do autor, 1917.

TELO, A. J. Primeira República II: como cai um regime. Lisboa: Editorial Presença, 2011.

Downloads

Publicado

2025-07-14

Edição

Seção

Dossiê: Camilo Castelo Branco e a Irrequieta Heterodoxia

Como Citar

A memória de Camilo Castelo Branco no primeiro centenário do seu nascimento : as polémicas d’Os Azeiteiros, dos monumentos e dos Livreiros à volta de Camilo (1917-1925). (2025). Revista Do Centro De Estudos Portugueses, 45(75), 47-73. https://doi.org/10.17851/2359-0076.43.75.%p