Momentos de Distinção e Alegria
Representações de Lazer e Gênero na Revista Bello Horizonte na Década de 1930
DOI:
https://doi.org/10.35699/2447-6218.2024.55056Keywords:
Leisure, Gender, Written press, Belo HorizonteAbstract
Essa pesquisa foi construída com o objetivo de analisar as representações de lazer e gênero na revista Bello Horizonte ao longo da década de 1930. Este estudo foi desenvolvido a partir das considerações teóricas e metodológicas da Nova História Cultural e dos Estudos de Gênero. A revista foi fundada pelo seu primeiro diretor, Augusto Siqueira em 1933 se estendendo até 1953. Essa pesquisa se concentrou nos anos de 1933 a 1939. Esse recorte temporal foi definido ao considerar que a partir da década de 1940 os lugares de sociabilidade da cidade mudaram significativamente com a inauguração da Lagoa da Pampulha, fazendo surgir na cidade lazeres como esportes aquáticos, cassino, casa de baile e diversos restaurantes. As análises identificaram seis grandes variações de lazer: as festas, o footing, os esportes, o rádio, o teatro e o cinema. As festas ocorriam em diferentes ambientes, como em associações, bares e também em festas de aniversários e demais comemorações veiculadas em casa. O footing foi divulgado em uma seção específica, na qual homens comentavam “o vai e vem” das moças pela Avenida com detalhadas descrições de roupas e comportamentos, moldando o ser feminino e masculino que deveria circular pela cidade moderna. Em relação aos esportes, o futebol já estava consolidado na capital, galgando no período em tela seus traços profissionais; o vôlei e o basquete estavam acontecendo em quadras escolares e times femininos disputavam campeonatos, mas foi a natação o esporte de maior investimento gráfico da revista, com fotos dos espelhos d’água no clube do Atlético e do Minas Tênis Clube, com grande destaque da participação feminina. Na década de 1930, a cidade de Belo Horizonte estava se transformando em uma cidade ouvinte, o rádio foi divulgado como como instrumento de adorno, educação e diversão. O teatro surgiu com a proposta de ser um lugar de consumo e formação das famílias endinheiradas, mas que também acolheu noites de apresentação dos artistas da rádio promovido pela prefeitura para a população. Finalmente, o cinema, veiculado em seções específicas e também em outras páginas da revista, divulgando as sessões, bem como colunas de opinião sobre as condições e desejos do consumo cinematográfico na cidade e, também, fotos e reportagens a respeito dos bastidores de Hollywood, destacando o protagonismo e ousadia das atrizes frente às determinações de gênero da época. Ao final, concluiu-se que essa revista é potencialmente relevante para diversos outros estudos sobre a cidade de Belo Horizonte e no que diz respeito ao lazer, as vivências construídas nesse material expressam os ideais de modernidade, construindo uma cidade, bem como mulheres e homens modernos.
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