Análise da Formação Acadêmica e Intervenção Profissional dos Agentes Sociais no Campo do Lazer em Programas do Governo Federal na Cidade de Bauru-SP
Mots-clés :
Lazer, Formação e Intervenção Profissional, Políticas PúblicasRésumé
A formação acadêmica e profissional no campo do lazer tem origem multidisciplinar, dessa forma, na atualidade, observamos profissionais com diferentes formações atuando no campo do lazer, ou até sem formação acadêmica, principalmente em programas de políticas públicas de lazer e cultura. As Políticas públicas que envolvem programas sociais buscam, por meio de uma educação não formal, ou informal, criar oportunidades de desenvolvimento educacional por meio de atividades que ocupem o tempo livre. Porém, frequentemente, a busca pela ocupação desse tempo não vem acompanhada de atividades que ofereçam algo para além do divertimento momentâneo, no sentido de que não são considerados componentes de desenvolvimento social e pessoal que esse tempo e que as atividades de lazer ensejam, tornando, muitas vezes, essas ações assistencialistas. Diante do exposto, destacamos os programas do Governo Federal que oferecem tal oportunidade, sem qualificar, ou sem propostas de formação continuada para os Agentes envolvidos. Assim, questiona-se: Quem são os Agentes Sociais que atuam nos programas oferecidos pelo Governo Federal? Possuem graduação? Em que área? Foram preparados para atuar no campo do lazer? Como se deu a preparação dos Agentes Sociais para atuar nos programas? Quais as dificuldades para atuar? Portanto, objetivou-se investigar a formação e intervenção profissional dos agentes sociais no campo do lazer em programas do Governo Federal da cidade de Bauru-SP, identificando e analisando sua formação inicial e continuada, suas dificuldades, limitações e potencialidades evidenciadas da/para sua atuação no campo do lazer. Para tanto, desenvolveu-se a revisão da literatura abordando: a) lazer e lazer e educação; b) lazer e Educação Física; c) lazer e sociedade; d) formação e atuação profissional em lazer e, e) políticas públicas de lazer. O método de abordagem foi qualitativo e como técnica para coleta de dados, utilizou-se a entrevista com os Agentes envolvidos. A pesquisa de campo envolveu três programas do Governo Federal que estavam em andamento entre os anos de 2015 e 2016 na cidade de Bauru-SP e não possuíam propostas de formação específica para os agentes envolvidos, foram eles: Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU), Programa Mais Educação e Mais Cultura na Escola. Participaram da pesquisa dezesseis agentes sociais que ministravam oficinas/aulas nos programas envolvidos e se enquadravam nos grupos de interesses do lazer: artísticos, físico-esportivos, manuais, sociais e intelectuais. As análises e discussões foram realizadas à luz da revisão da literatura e apresentam-se nos capítulos. Das categorias de análise evidenciou-se: a) Concepção sobre o lazer: conhecimento a partir do senso comum, predominando a visão funcionalista do lazer; b) Abordagem do lazer na graduação: não havia disciplinas que abordassem a relação entre lazer e o curso oferecido, tampouco estudos aprofundados sobre o tema; c) Formação Inicial e continuada: os agentes sociais possuíam formações em diferentes áreas e poucos tinham algum tipo de curso de pós graduação; d) Limitações e potencialidades da/para atuação e intervenção: dificuldades advindas do processo de formação inicial, pois não consideravam tal preparação suficiente para atuar nesses locais numa perspectiva crítica, emancipa tória e criativa, embora houvesse a tentativa. Nesse sentido, os depoimentos revelaram que embora a formação acadêmica específica em lazer não seja imprescindível para se atuar no campo, percebe-se a necessidade de conhecimentos e estudos sobre os conteúdos e as possibilidades de intervenção na área, visando ampliar e enriquecer a prática, os estudos e as relações existentes entre a área de atuação e o lazer. Concluiu-se que uma proposta de formação continuada no campo do lazer nos programas envolvidos na pesquisa seja primordial para atuação dos agentes sociais em locais que visam um processo educativo informal, que pode vir por meio de propostas envolvendo os conteúdos culturais do lazer que, na condição de um campo que envolve profissionais de diversas áreas, tem a possibilidade de intervir de maneira ampla nos contextos dos programas envolvidos, possibilitando ações interdisciplinares.