Práticas Culturais de Lazer
Cotidiano entre os Anos de 1920 e 1935
Mots-clés :
Práticas Culturais, Lazer, SalvadorRésumé
Este estudo aborda sobre a configuração do lazer na cidade do Salvador compreendendo-o enquanto prática cultural. A questão de investigação apresenta-se a partir da seguinte pergunta: quais as relações estabelecidas entre as experiências das práticas culturais de lazer e a organização social e urbana da cidade do Salvador, entre os anos de 1920 e 1935? O objetivo foi analisar as relações estabelecidas entre as experiências cotidianas das práticas culturais de lazer com a organização social e urbana da cidade do Salvador entre os anos de 1920 e 1935. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e histórica, cuja metodologia possui bases na Nova História Cultural (NHC). Para obter dados, nos debruçamos em busca de jornais, que estiveram em circulação durante os anos de 1920 a 1935, para ter acesso a registros (textos e imagens) sobre as práticas culturais de lazer na capital baiana. O periódico escolhido para obtenção de dados foi o jornal “A TARDE” por sua relevância local para o período e por possibilitar a análise do cotidiano. No que se refere ao recorte temporal desta investigação (1920 – 1935), podemos dizer que a escolha do período a ser investigado ocorreu por dois processos que envolvem ideários de modernidade. O ano de 1920 foi escolhido como delimitador inicial para a investigação, sobretudo porque ali se apresenta uma tentativa de dar seguimento a um projeto recente de modernização na cidade do Salvador, e sua propensa capacidade de viabilizar alternativas no âmbito das práticas culturais. como delimitador final, foi crucial o reconhecimento de que o ano de 1935 marcou uma mudança na agenda modernista baiana, principalmente em virtude de uma visão urbanística, não mais demolidora como a que se praticou a partir de 1912 na cidade. Neste sentido, identificamos espaços (jardins, praias, cinemas, teatros e circos, cassinos, clubes de dança, salões de organizações da sociedade civil, bares e quiosques) e práticas (carnaval, mi-carême, festividades religiosas e cívicas, dança e vida noturna) evidenciando uma demanda crescente dos soteropolitanos na busca por divertimentos na capital baiana. Diante disso, ficou evidente uma forte influencia dos ideais de modernidade e civilidade, bem como, a existência de uma ampla rede de sociabilidade em torno do lazer e que, ademais, nos possibilitou reconhecer a ocorrência de resistências simbólicas e contradições, na forma com são abordados pelos jornais os lazeres das elites e da população em geral.