Considerações sobre retórica, poética e recepção na tradução das Cartas de Ovídio chamadas Heroides, de Miguel do Couto Guerreiro (1789)

Autores

  • João Victor Leite Melo Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Vitória, Espírito Santo / Brasil

Palavras-chave:

Heroides, Ovídio, Miguel do Couto Guerreiro, tradução, imitação

Resumo

Em 1789, o poeta e tradutor Miguel do Couto Guerreiro não só verteu para a língua portuguesa as vinte e uma cartas que tradicionalmente compõem as Heroides de Ovídio como também inventou respostas para as quinze primeiras. Em nossa perspectiva, o sofisticado projeto tradutório de Guerreiro, somado à apreciação crítica feita por ele ao final de cada carta, representa um profícuo momento da recepção das Heroides no Arcadismo português, a partir do qual é possível flagrar preceitos retóricos e poéticos servindo tanto à interpretação quanto à imitação da obra ovidiana. Neste artigo, procederemos à análise de alguns trechos da carta de Ariadne a Teseu (Ep. 10), de modo a ilustrar, com mais detalhe, a síntese entre retórica e poesia elaborada por Ovídio e imitada por Guerreiro, via tradução.

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Publicado

2022-01-20

Como Citar

Melo, J. V. L. (2022). Considerações sobre retórica, poética e recepção na tradução das Cartas de Ovídio chamadas Heroides, de Miguel do Couto Guerreiro (1789). Nuntius Antiquus, 17(2), 107–142. Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/nuntius_antiquus/article/view/29139

Edição

Seção

Estudos de recepção clássica