O livro de imagem e a inclusão da criança surda na biblioteca escolar
Palavras-chave:
Leitor surdo. Livro de imagem. Mediador da leitura. Biblioteca escolar acessível.Resumo
O objetivo do artigo é refletir sobre o processo de leitura e de escrita dos surdos, evidenciando o seu impacto nas ações do mediador da leitura na biblioteca escolar e apresentar o livro de imagem como um recurso eficiente para o fluir da leitura dos surdos. Defende que a surdez ultrapassa a constatação de uma deficiência e se caracteriza por uma diferença. Nesse sentido, foi essencial abordar nesse trabalho a Língua de Sinais, uma Língua espaço-motora-visual que mediará o pensamento e a comunicação do sujeito surdo, pois seu pensamento se processa de modo diferente dos ouvintes, isto é, por sinais. Como procedimentos metodológicos, o texto foi construído com base em pesquisa bibliográfica, nas áreas da Educação, Biblioteconomia e Ciência da Informação, sem delimitação temporal em virtude da escassez de produção científica, especialmente nas duas últimas áreas. Salienta que a biblioteca escolar precisa valorizar a leitura da literatura infantil, a qual pode ser fonte de diversidade e de multiplicidade, sendo fundamental a ação dos mediadores da leitura no fortalecimento das práticas leitoras. Detecta que, de modo geral, a biblioteca escolar não se apresenta como local acessível e inclusivo e, por essa razão, não faz parte da vida dos surdos; bem como a atitude dos mediadores diante da criança surda não fortalece o sentimento de pertença e a apropriação dos diversos textos literários. Conclui que o livro de imagem, com seu vocabulário receptivo visual, tende a contribuir para a inserção da criança surda no universo da leitura e favorecer a fruição, o prazer e o aprender por meio da literatura.
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