The relevance of future vs. non-future languages for the understanding of the role of tense in counterfactuals sentences / A relevância de línguas do sistema futuro vs. não-futuro para se entender o papel do tempo gramatical em sentenças contrafactuais
DOI:
https://doi.org/10.17851/2237-2083.27.2.1051-1099Keywords:
counterfactuality, tense, past, indigenous languages, contrafactualidade, tempo, passado, línguas indígenas.Abstract
Abstract: A sentence is counterfactual when it implicates that the proposition it denotes is false (Iatridou, 2000). It has been noted that the past tense behaves non-canonically in counterfactual constructions in several unrelated languages, since it does not seem to convey pastness. A similar behavior is found in Karitiana, a Tupian language that belongs to the future vs. non-future system. It is the non-future that is used non-canonically in counterfactuals in Karitiana. Some authors posit that the past tense has a modal interpretation in counterfactual environments (JAMES, 1982; FLEISCHMAN, 1989; IATRIDOU, 2000; PALMER, 2001; van LINDEN; VERSTRAETE; 2008). Others posit that tense is just tense in these environments (IPPOLITO, 2002, 2003; ARREGUI, 2005). The goal of this paper is to describe the semantics of counterfactual sentences in Karitiana, and show that the language supports the Tense as Tense approach to counterfactuals. Thus, bringing data from Karitiana becomes relevant because, besides giving a description of counterfactuality in the language, it brings data from a typologically distinct language to bear on the choice between two important theoretical approaches.
Keywords: counterfactuality; tense; past; indigenous languages.
Resumo: Uma sentença é contrafactual quando implica que a proposição que ela denota é falsa (Iatridou, 2000). Tem sido observado, em diversas línguas de famílias não relacionadas, que a morfologia de passado usada em sentenças contrafactuais possui um comportamento inesperado. Ela parece não expressar a noção de tempo passado. Observamos um comportamento semelhante em uma língua que não têm morfologia de passado, mas cujo sistema temporal expressa a distinção futuro vs. não-futuro – v o Karitiana, língua Tupi. Nessa língua, a morfologia de não-futuro, quando usada em sentenças contrafactuais, não expressa ausência de futuridade. Alguns autores consideram que em contrafactuais o tempo gramatical tem uma interpretação modal (JAMES, 1982; FLEISCHMAN, 1989; IATRIDOU, 2000; PALMER, 2001; van LINDEN; VERSTRAETE; 2008). Outros consideram que o tempo mantém sua interpretação temporal (IPPOLITO, 2002, 2003; ARREGUI, 2005). O objetivo deste artigo é avaliar essas duas teorias frente ao comportamento das construções contrafactuais em Karitiana. O artigo mostra que os dados de uma língua do sistema temporal futuro vs. não-futuro contribuem para a avaliação de qual das duas abordagens mencionadas acima oferece a proposta mais plausível para o papel da flexão temporal em sentenças contrafactuais. A primeira abordagem funciona exclusivamente para línguas que possuem a morfologia de passado. Por outro lado, a segunda abordagem é capaz de fornecer uma explicação para o comportamento distinto da flexão temporal tanto em línguas do sistema futuro vs. não-futuro, como em línguas do sistema passado vs. presente vs. futuro. Assim, a discussão da língua Karitiana é relevante porque, além de aprofundar a descrição das sentenças contrafactuais nessa língua, traz dados de uma língua tipologicamente distinta das línguas mais discutidas pela literatura para dentro da discussão teórica sobre a contrafactualidade. Esses dados desafiam o poder explanatório das principais abordagens teóricas e apoiam uma delas.
Palavras-chave: contrafactualidade; tempo; passado; línguas indígenas.