Repensando o conceito de diglossia à luz de Michel de Certeau

Autores/as

  • Miguel Afonso Linhares Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
  • Claudiana Nogueira de Alencar Universidade Estadual do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.17851/2237-2083.24.2.492-518

Palabras clave:

Diglossia, Catalan, Michel de Certeau.

Resumen

Resumo: O presente trabalho consiste em uma reflexão sobre o conceito de diglossia, uma palavra cuja especialização semântica nos estudos linguísticos se deu através de Jean Psichari em 1885. Não obstante, veio ganhar precisão teórica apenas em 1959, por Charles Ferguson. A partir da publicação do seu artigo, o conceito teve um sucesso imediato na Sociolinguística. Este artigo segue a esteira dessas discussões, com o objetivo de repensar o sujeito falante da “variedade baixa” ou “língua dominada”. Para tanto, valemo-nos da reflexão de Michel de Certeau (1994) sobre o cotidiano, especialmente das categorias de estratégia e de tática. Na primeira seção do artigo, traçamos um percurso pela história do termo diglossia, desde os seus significados nos primeiros testemunhos até a sua consolidação como conceito científico através de Ferguson (1959) e Fishman (1967). A seguinte é um encaminhamento à reflexão: expomos uma leitura crítica dos artigos mencionados e algumas críticas por parte de outros sociolinguistas. A terceira é o lugar de dar algumas informações sobre o caso de diglossia que serve de fundamento e ilustração à reflexão: a diglossia espanhol-catalão na Catalunha. Enfim, na quarta o leitor alcança a reflexão almejada: o sujeito falante da “variedade baixa” ou “língua dominada” não é um mero paciente em uma relação alto-baixo ou dominante-dominado, mas também um agente no campo hegemônico, que usa de táticas para contra-arrestar a dominação.

Palavras-chave: diglossia; catalão; Certeau.

Abstract: This paper aims to reflect about the concept of diglossia, a term whose semantic specialization in language studies was introduced by Jean Psichari in 1885. However, a precise theoretical definition came only by Charles Ferguson in an article published in 1959. Since this publication, the concept was immediately accepted and successfully applied in Sociolinguistics field. This paper follows these discussions in order to rethink the subject whose language is considered a “low prestige variety” or a “dominated language”. Therefore, we selected the reflections presented by Michel de Certeau (1994) about everyday life, especially two categories: strategy and tactics. In the first section, the discussion covers the history of the term diglossia, since its initial meaning up to its consolidation as a scientific concept as referred in Ferguson (1972[1959]) and Fishman (1967). In the second section, as an invitation to reflection, we expose a critical reading of these articles and some criticism from other scholars. In the third place, we provide some information about the case of diglossia, which forms the basis for this reflection, and exemplify it: the Spanish-Catalan diglossia in Catalonia. Finally, in the last section, the reader reaches the desired reflection: the speakers of a “low prestige variety” or “dominated language” is not a merely user in a high-low prestige variety or dominant-dominated language perspective, but also an agent in the hegemonic field, which is able to use tactics against the domination.

Keywords: Diglossia; Catalan; Michel de Certeau.

Biografía del autor/a

  • Miguel Afonso Linhares, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
    Possui graduação em Letras com habilitação em Português, Espanhol e Literatura pela Universidade Federal do Ceará (2007), especialização em Filologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2011) e Mestrado em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual do Ceará (2014). Atualmente é Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Câmpus Currais Novos, com colaboração no Câmpus Natal - Central. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Espanhola, Língua Latina e Filologia Românica.
  • Claudiana Nogueira de Alencar, Universidade Estadual do Ceará
    Possui mestrado e doutorado em Linguística pela Unicamp (2000 e 2005) e pós-doutorado em Semântica/Pragmática também pela Unicamp (2010). Atuou como pesquisadora visitante na Universidade de Birmingham - UK (2002-2003) e como pesquisadora colaboradora do Instituto de Estudos da Linguagem-IEL-Unicamp (2009-2010). Sob a perspectiva pragmática, suas pesquisas partem dos conceitos de atos de fala, gramática cultural, jogos de linguagem para discutir a configuração de uma Pragmática Cultural que dialogue com os estudos da cultura, do gênero, da violência, dos movimentos sociais e com as teorias descoloniais. Publicou o livro Linguagem e medo da morte: uma introdução à Linguística Integracionista; (2009) pela EdUECE e Nova Pragmática: modos de fazer (2014), organização em co-autoria pela Cortez. Atualmente é professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da UECE, vinculada à linha de pesquisa Estudos Críticos da Linguagem. Também atua como professora e pesquisadora do Mestrado Acadêmico Intercampi em Educação e Ensino (MAIE) da UECE, orientando trabalhos na linha de pesquisa Trabalho, Educação e Movimentos Sociais. Foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da UECE (2010-2013), tendo coordenado o projeto e a implantação do Doutorado em Linguística Aplicada. Foi coordenadora do GT Práticas Identitárias em Lingüística Aplicada, da ANPOLL (2012- 2014). Atualmente é Pró-Reitora de Extensão da Universidade Estadual do Ceará.

Publicado

2016-03-18

Cómo citar

Repensando o conceito de diglossia à luz de Michel de Certeau. Revista de Estudos da Linguagem, [S. l.], v. 24, n. 2, p. 492–518, 2016. DOI: 10.17851/2237-2083.24.2.492-518. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/relin/article/view/28376. Acesso em: 24 dec. 2025.