Mesmo e a estrutura dos sintagmas determinantes
DOI:
https://doi.org/10.17851/2237-2083.30.3.1278-1313Palavras-chave:
Mesmo, Sintagma Determinante, Adjetivos, Semântica de ComparativosResumo
Este trabalho analisa o adjetivo mesmo do português brasileiro com a leitura anafórica (MOLTMANN, 1993; FERREIRA, 2010). Expandindo a camada funcional do sintagma determinante (e. g., CINQUE, 2010), esta análise propõe que mesmo tem propriedades “pronominais” e que há uma posição específica na estrutura funcional do DP/NP que alberga, pelo menos ao fim da derivação, tanto pronomes possessivos quanto o adjetivo mesmo anafórico, e tal posição recebe, de fato, adjetivos com propriedades pronominais. Nas últimas seções o artigo apresenta (usando ferramentas da semântica formal: por exemplo, HEIM; KRATZER, 1998) uma definição semântica para o mesmo anafórico, defendendo que ele é uma espécie de item de comparação implícita (CARLSON, 1987), tendo uma “função de comparação” como parte de sua definição. Propomos, aproveitando insights da literatura pertinente (ALRENGA, 2010; HEIM, 1985; LASERSOHN, 2000; entre outros), que a semântica de mesmo é composta por uma função de assinalamento e uma função que estabelece uma equivalência contextual por meio de um compartilhamento de propriedades relevantes entre o referente ou tipo introduzido pelo DP que contém mesmo e um indivíduo ou tipo mencionado no discurso prévio. Por fim, o artigo especula sobre a semântica do que aqui é chamado mesmo “explicitamente” comparativo (que inclui um CP comparativo após o nome), que, assim como o mesmo distributivo (CARLSON, 1987, entre outros), e como este texto deseja mostrar nas páginas a seguir, é mais baixo hierarquicamente, na sintaxe do DP, que o mesmo anafórico.