A variável idade
estudo da variação da concordância verbal de terceira pessoa do plural
DOI:
https://doi.org/10.17851/2237-2083.33.3.55-75Palavras-chave:
concordância verbal, idade, escolaridade, mercado de trabalho, Sociolinguística VariacionistaResumo
Investigamos, neste trabalho, a atuação da idade cronológica sobre o fenômeno variável da concordância verbal de terceira pessoa do plural na linguagem falada de florianopolitanos que compõem as amostras Monguilhott (2009) e Chaves (2017). Em determinados fenômenos variáveis, a idade tem se mostrado uma variável social complexa por possibilitar, através da observação da distribuição dos dados em função da estratificação etária da amostra, processos de mudança geracional ou de estratificação etária na conduta linguística dos indivíduos e da comunidade. Para esta investigação, relacionamos à idade as variáveis sociais escolaridade e mercado de trabalho, partindo de pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (Labov, 2008 [1972]; Labov, 1994) e propondo uma reanálise da variação da concordância verbal de terceira pessoa do plural com base em dados das duas amostras de uma comunidade com perfil demográfico diferente das comunidades urbanas. Os resultados indicam que o emprego da forma prestigiada de concordância é mais frequente entre aqueles falantes inseridos no mercado de trabalho, mesmo com idade avançada, o que configura dependência singular entre as variáveis sociais idade, escolarização e mercado de trabalho.
Referências
BENFICA, S. de A. Atitudes linguísticas de falantes da área rural e da área urbana do Espírito Santo. 2024. 156f. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2024.
BOURDIEU, P.; BOLTANSKI, L. Le fétichisme de la langue. Actes de la recherche en sciences sociales, v. 2, n. 1, p. 2-32, 1975.
CEDERGREN, H. The interplay of social and linguistic factors in Panama. 162f. 1973. Ph.D. dissertation (Language and Literature, linguistics) – Cornell University : Ithaca, 1973.
CEDERGREN, H.Panama revisited: sound change in real time. Apresentação em NWAVE, Philadelphia, 1984.
CHAVES, R. G. A redução/desnasalização de ditongos nasais átonos finais e a marcação explicita de CVP6: um estudo de correlação. 2017. 359 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2017.
CONDE SILVESTRE, J.C. Sociolingüistica historica. Madrid: Gredos, 2007.
ECKERT, P. Age as a Sociolinguistic Variable. In: COULMAS, Florian (Ed.). The Handbook of Sociolinguistics. Blackwell Publishing, 1998. Blackwell Reference Online. 28 December 2007. Disponível em: http://www.blackwellreference.com/subscriber/tocnode?id=g9780631211938_chunk_g97806312119381.
FOWLER, J. The social stratification of (r) in New York City department stores, 24 years after Labov. New York University, manuscrito não publicado, 1986.
FREITAG, R. Idade: uma variável sociolinguística complexa. Língua & Letras, v. 6, n. 11, p. 105-121, 2005. DOI: 10.5935/rl&l
GIMENO, S. . O destino viaja de barco: Um estudo histórico, político e social da Costa da Lagoa e de seu processo de modernização (1930-1990). 188f. 1992. Dissertação de mestrado, Programa de Pós Graduação em Ecologia Política. UFSC: Florianópolis, 1992.
GUY, G. Linguistic variation in Brazilian Portuguese: aspects of the phonology, syntax, and language history. 391f. 1981. Tese (Doutorado em Linguística) – University of Pennsylvania, Philadelphia, 1981.
LABOV, W. The social stratification of English in New York City. Washington, D.C.: Center for Applied Linguistics, 1966.
LABOV, W. Padrões Sociolinguísticos. [1972] Tradução: Marcos Bagno, Maria Marta Pereira Scherre, Caroline Rodrigues Cardoso. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
LABOV, W. Principles of linguistic change: internal factors. Cambridge: B. Blackwell, 1994.
LEMLE, M; NARO, A. Competências Básicas do Português. Relatório Final apresentado às instituições Fundação Ford e Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), 1977.
MILROY, L. Social Networks. In: CHAMBERS, J. K.;TRUDGILL, P; SCHILLING, N. (eds.) The Handbook of Language Variation and Change. Oxford, U.K.: Blackwell Publishing Ltd, 2004. p. 549-572.
MONGUILHOTT, I. de O. e S. Variação na concordância verbal de terceira pessoa do plural na fala dos florianopolitanos. 2001. 109 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.
MONGUILHOTT, I. de O. e S. Estudo sincrônico e diacrônico da concordância verbal de terceira pessoa do plural no PB e no PE. 2009. 229 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.
NARO, A. The social and structural dimensions of a syntatic change. Language, v. 57, p. 63-98, 1981.
NARO, A. O dinamismo das línguas. In: MOLLICA, Maria Cecília; BRAGA, Maria Luiza (Orgs.) Introdução à Sociolinguística: o tratamento da variação. São Paulo: Contexto, 2003. p.43-50.
NARO; A.; LEMLE, M. Syntatic diffusion. In: STEEVER, Sandord B. et al. (eds.) Papers from the parasession on Diachronic Syntax. Chicago: Chicago Linguistic Society, 1976. p.221-241.
NOVAIS, V. S. de. Variação na concordância verbal de terceira pessoa do plural na fala de universitários sergipanos. 2021. 109f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, Sergipe, 2021.
OUSHIRO, L. Identidade na pluralidade: avaliação, produção e percepção linguística na cidade de São Paulo. 2015. 372f. Tese (Doutorado em Semiótica e Lingüística Geral) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.
SANTOS, I. F. “Eu não falo assim, mas eles fala”: uma análise geossociolinguística da concordância verbal de terceira pessoa do plural na mesorregião norte maranhense. 2021. 133f. Dissertação (Mestrado em Letras) — Programa de Pós-graduação do em Letras da Universidade Federal do Maranhão, 2021.
SANKOFF, D.; LARBEGE, S. The linguistic market and the statistical explanation of variability. In: TAGLIAMONTE, Sali A.; BAAYEN, R. Harald. (orgs.). Analyzing linguistic variation: statistical models and methods. Oxford: Oxford University Press, 2012. p. 167-194.
SCHERRE, M.; NARO; Anthony Julius. A concordância de número no português do Brasil: um caso típico de variação inerente. In: DA HORA, D. (org.) Diversidade linguística no Brasil. Idéia: 1997. p. 93- 114.
SOARES, M. Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e a escrever. São Paulo: Contexto, 2022.
VIEIRA, S. A não-concordância em dialetos populares: uma regra variável. Graphos, v. 2, n. 1, p. 115–133, 1997.
