A propósito da “síntese brasileira” nos estudos de gêneros

Authors

  • Benedito Gomes Bezerra Universidade de Pernambuco Universidade Católica de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.17851/2237-2083.24.2.465-491

Keywords:

Genre, Genre Theory, Brazilian Synthesis.

Abstract

Resumo: Em publicações recentes, pesquisadores estrangeiros têm mencionado a existência de uma “síntese brasileira” nos estudos de gêneros (textuais/discursivos), a qual teria sido impulsionada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e pelo Simpósio Internacional de Estudos de Gêneros Textuais (SIGET), configurando-se como um modelo teórico alternativo, uma quarta ou quinta grande tendência mundial de estudos de gêneros, capaz de conciliar abordagens linguísticas, retóricas, sociológicas e pedagógicas. O aludido modelo brasileiro encontraria suas bases teóricas e metodológicas na Escola de Genebra e no interacionismo sociodiscursivo. Este trabalho tem como objetivo discutir o estatuto da “síntese brasileira” conforme defendida principalmente por Bawarshi e Reiff ([2010] 2013), mas também por Swales (2012), a partir de um levantamento panorâmico das abordagens teóricas correntes no país, incluindo uma discussão das principais influências que marcam a pesquisa brasileira no campo dos gêneros. Para isso, uma atenção especial é dedicada a estudos que buscam mapear abordagens teóricas, bem como combinações entre abordagens, nos trabalhos de pesquisadores brasileiros, além de se realizar um exame crítico de publicações que contribuíram para a divulgação dos estudos brasileiros de gêneros no exterior e fundamentaram a hipótese da síntese. Os resultados indicam a existência de uma significativa complexidade e ecletismo nas abordagens de gêneros por autores brasileiros, ao lado da adesão a perspectivas específicas e diferenciadas, o que problematiza em muito a possibilidade de uma síntese entendida como uma perspectiva única e unificada.

Palavras-chave: gêneros; teorias de gêneros; síntese brasileira.

Abstract: In recent publications, foreign researchers have mentioned the existence of a “Brazilian synthesis” in genre studies, which would have been driven by the Brazilian National Curriculum Parameters (PCN) and by the International Symposium on Genre Studies (SIGET), presenting itself as an alternative theoretical model, a fourth or fifth major world trend in genre studies, able to conciliate linguistic, rhetorical, sociological, and pedagogical approaches. The alluded Brazilian model would find its theoretical and methodological bases in the Geneva School and in the socio-discursive interactionism. This paper aims at discussing the statute of the “Brazilian synthesis” as advocated mainly by Bawarshi and Reiff ([2010] 2013), as well as by Swales (2012), taking as a starting point a panoramic view of the theoretical approaches current in the country, including a discussion of the main influences that characterize Brazilian research in the field of genre. Special attention is given to studies that map theoretical approaches as well as combinations among approaches in the works of Brazilian researchers. In addition, this study performs a critical analysis of publications that contributed to disseminating Brazilian genre studies outside of Brazil, and that therefore provided a ground for the synthesis’ hypothesis. The results indicate both the existence of significant complexity and eclecticism in the approaches on genre by Brazilian authors and the adoption of specific and differentiated perspectives, what brings serious objections to the possibility of a synthesis, if understood as a singular and unified perspective.

Keywords: Genre; Genre Theory; Brazilian Synthesis.

Author Biography

  • Benedito Gomes Bezerra, Universidade de Pernambuco Universidade Católica de Pernambuco

    Professor Adjunto

    Coordenador do Mestrado Profissional em Letras - PROFLETRAS/UPE

    Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem - UNICAP

Published

2016-03-18

How to Cite

A propósito da “síntese brasileira” nos estudos de gêneros. Revista de Estudos da Linguagem, [S. l.], v. 24, n. 2, p. 465–491, 2016. DOI: 10.17851/2237-2083.24.2.465-491. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/relin/article/view/28377. Acesso em: 25 dec. 2025.