As designações para o pão nosso de cada dia
a norma lexical do português brasileiro com base no corpus do Projeto ALiB
DOI:
https://doi.org/10.17851/2237-2083.29.1.533-588Palavras-chave:
Geolinguística, Projeto ALiB, normas lexicais, regionalismos, pão francêsResumo
Este artigo tem como proposta a identificação de possíveis normas lexicais gerais e regionais a partir da descrição e da análise da variação espacial para o popularmente denominado “pão francês”, em uma perspectiva geolinguística e léxico-semântica. Para tanto, adota-se a visão da norma linguística, com base em Coseriu (1979), somada às contribuições de Camara Junior (1964), Rona (1969), Cunha (1987), dentre outros. A diversidade de nomeações para esse alimento foi documentada por meio da questão 186 do Questionário Semântico-Lexical (QSL) dos Questionários (COMITÊ NACIONAL DO PROJETO ALiB, 2001) aplicada pelas equipes que compõem o Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), em 250 localidades brasileiras (interior e capitais). Na composição do corpus desta análise, foram selecionados 1000 informantes com o perfil fundamental de escolaridade, contemplando as dimensões diassexual e diageracional. Com base na cartografação linguística e cotejo da disseminação das variantes lexicais obtidas e na consulta a obras lexicográficas, foram identificadas as formas de uso geral e regional, além de traços de influência interétnica e de fluxos migratórios internos e externos. Ainda, constatou-se a polimorfia de designações, por efeito da presença do referente no cotidiano brasileiro, atestando a relevância desse alimento, consumido desde os primórdios da história da civilização.