Monotongação de ditongos decrescentes orais no português brasileiro
uma revisão sistemática da literatura
DOI:
https://doi.org/10.17851/2237-2083.30.3.1143-1184Palavras-chave:
monotongação, ditongo decrescente oral, revisão sistemáticaResumo
Ditongos são definidos como o encontro de uma vogal (a, e, i, o, u) e de uma semivogal (i, u) numa mesma sílaba. No entanto, ditongos classificados como decrescentes, em que a semivogal sucede a vogal, têm comportamento variável no português brasileiro. Palavras como peixe podem ser realizadas como pexe [‘pe.ʃɪ]; caixa, como caxa [‘ka.ʃə]; cenoura, como cenora [se.’no.ɾə], resultados do processo de monotongação, em que um ditongo é reduzido a um monotongo. O fenômeno de monotongação já foi amplamente investigado em diversas regiões dialetais do Brasil. Entretanto, a natureza fragmentada dos estudos se torna pouco colaborativa para a construção de um panorama abrangente, que possa contribuir, por exemplo, para aplicações pedagógicas. Neste texto, apresentamos uma proposta de sistematização dos ditongos monotongáveis no português brasileiro e de quais são os condicionamentos do processo, a partir de um estudo de revisão sistemática integrativa. Os ditongos alvo do fenômeno são, em ordem decrescente de percentual de monotongação: [oʊ̯], [eɪ̯], [aɪ̯] e [oɪ̯]. A monotongação de [oʊ̯] é vista como uma mudança consolidada no português brasileiro. A monotongação de [eɪ̯] tem restrições internas relativas ao contexto fonológico seguinte constituído por tepe e consoantes palatais. O ditongo [aɪ̯] é monotongado em sílaba aberta, quando seguido de consoante palatal; e em sílaba fechada, quando a fricativa final é palatalizada. O ditongo [oɪ̯] é monotongado em sílabas fechadas, em itens lexicais específicos, também quando a fricativa final é palatalizada. Os resultados apontam ainda que o monotongo possui características acústicas intermediárias entre ditongo preservado e vogal simples.