Estudo diacrônico do sintagma nominal descontínuo no português brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.17851/2237-2083.30.4.1659-1687Palavras-chave:
sintagma nominal, descontinuidade, diacronia, gramática discursivo-funcionalResumo
Este trabalho tem como objetivo principal examinar, sob a perspectiva da Gramática Discursivo-funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008), quais são as motivações pragmáticas, semânticas e morfossintáticas subjacentes à ordenação dos constituintes do SN descontínuo em diferentes sincronias do português brasileiro, com o intuito de verificar se a caracterização sincrônica do fenômeno tem fundamentação diacrônica e se há diferenças na produtividade do fenômeno na fala e na escrita. A análise empírica do fenômeno toma por base amostras provenientes de diferentes fontes históricas: (i) cartas dos séculos XVIII, XIX e XX do Projeto Para a História do Português Brasileiro (PHPB) e do Corpus Histórico do Português Tycho Brahe; (ii) cartas de leitores do século XXI dos jornais Folha de São Paulo e Diário do Norte; e (iii) registros de língua falada do século XX, retirados do corpus mínimo do Projeto NURC/Brasil, e do século XXI, extraídos do banco de dados Iboruna (Amostra Censo). A metodologia inclui parâmetros de análise de ordem interpessoal (funções retórica e pragmática dos constituintes do SN), representacional (tipo de entidade semântica designada pelo núcleo do SN e a relação semântica entre núcleo e constituinte deslocado) e morfossintática (constituição morfossintática dos constituintes do SN e peso estrutural do constituinte deslocado). Com base nas análises, a conclusão é a de que a descontinuidade na estruturação do SN tem um comportamento estável ao longo do tempo e é motivada por fatores de ordem mais pragmática do que morfossintática.