Não chame de erro o que a linguística chama variação
processamento de variação linguística e de agramaticalidade no âmbito da concordância verbal variável
DOI:
https://doi.org/10.17851/2237-2083.31.2.510-550Palavras-chave:
processamento, variação linguística, concordância verbal, priming, agramaticalidadeResumo
Em uma articulação entre a psicolinguística e a sociolinguística, e a partir de uma visão mais formal de linguagem, este trabalho discute eventuais efeitos de adaptabilidade via priming no processamento de variação linguística e como esses efeitos impactam custos de processamento associados à concordância verbal variável de terceira pessoa do plural e a construções agramaticais. Para tanto, realizamos um experimento de leitura automonitorada que contou não só com construções atestadas na língua para a concordância verbal variável, mas também com instâncias agramaticais, com o objetivo de verificar diferenças na proporcionalidade dos custos entre instâncias gramaticais variáveis e agramaticais. O experimento também contou com a manipulação de estímulos longos, o que permitiu que fossem verificados efeitos de adaptabilidade como fruto de priming operante. Esse tipo de manipulação, até onde sabemos, é pioneira nos estudos da interface psico-sociolinguística no Brasil. Os resultados sugeriram custos de processamento e efeitos de adaptabilidade diferentes associados a condições gramaticais (concordâncias redundante e não redundante) e à condição agramatical. Em outras palavras, os resultados mostram que processar instâncias gramaticais variáveis é diferente de processar instâncias agramaticais. Este estudo, portanto, lança luz a questões relativas ao processamento online de variação linguística, tópico cada vez mais produtivo na ciência linguística.