Falantes (não) têm consciência da variação morfossintática
DOI:
https://doi.org/10.17851/2237-2083.31.2.578-615Palavras-chave:
consciência, morfossintaxe, variaçãoResumo
Esta pesquisa objetiva expandir a discussão da consciência da variação ao nível morfossintático a partir de dois fenômenos morfossintaticamente semelhantes: o uso variável de artigo definido antes de possessivos pré-nominais, em a sua casa e ᴓ sua casa, e antes de antropônimos, em vi o Pedro e vi ᴓ Pedro. Para tanto, questiona-se se falantes reconhecem diferenças nos usos variáveis de artigo definido antes de possessivos e de antropônimos. Para responder à questão, aplicou-se um experimento de discriminação de sentenças com os contextos-alvo, utilizando estímulos variáveis quanto à presença/ausência de artigo definido. A análise dos dados evidencia que falantes nem sempre reconhecem diferenças nesses contextos linguísticos, com interferência da variação nos resultados: o tempo de resposta é maior quando as sentenças são variáveis e falantes tendem a apresentar alta frequência de erro nessas sentenças. Conclui-se que falantes nem sempre são conscientes da variação morfossintática: embora haja diferentes organizações, eles tendem a não as notar