O metadiscurso de impolidez como recurso analítico

evidências do domínio político no Twitter/X

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17851/2237-2083.32.2.479-498

Palavras-chave:

impolidez em ambiente digital, metadiscurso de impolidez, hashtags, reciprocidade de impolidez, xingamentos

Resumo

O debate presidencial brasileiro do segundo turno, realizado em 28/10/22, reverberou fortemente no Twitter/X, principalmente pelos episódios de ataques verbais entre os candidatos. O objetivo deste artigo é investigar as reações dos usuários à conduta verbal dos candidatos para verificar se/como essas reações se caracterizam como instâncias de metadiscurso de impolidez. Objetivamos também explorar se/como o metadiscurso pode se constituir em ferramenta analítica para os estudos da impolidez, principalmente do ponto de vistas da percepção dos falantes (impolidez de primeira ordem). Os dados foram extraídos das hashtags mais utilizadas na plataforma no dia do debate e foram analisados por meio do método misto, em que elementos verbais, visuais e tipográficos são considerados (Unger et al., 2016). Os resultados mostram que os usuários avaliaram negativamente o comportamento verbal dos candidatos e reagiram à impolidez retribuindo-a da mesma forma. A ocorrência de tentativas de vilipêndio online, tendo como alvo os candidatos, seus apoiadores e figuras públicas do meio jornalístico e judiciário, sugere, ainda, a instauração de um processo de normalização da linguagem indecorosa e impolida, evidenciada principalmente por meio de xingamentos e de asserções negativas, bem como pela acumulação de variados recursos simbólicos, próprios do meio digital.

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Publicado

2024-11-28

Como Citar

O metadiscurso de impolidez como recurso analítico: evidências do domínio político no Twitter/X. Revista de Estudos da Linguagem, [S. l.], v. 32, n. 2, p. 479–498, 2024. DOI: 10.17851/2237-2083.32.2.479-498. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/relin/article/view/56121. Acesso em: 26 dez. 2024.