Avaliação social das realizações [z, ʒ] de fricativa pós-vocálica diante de soantes coronais na comunidade de fala potiguar (RN)

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.17851/2237-2083.32.2.499-525

Palabras clave:

avaliação social, sociolinguística, palatalização

Resumen

Este trabalho objetiva descrever o valor social das realizações [z] e [ʒ] do arquifonema fricativo diante de soantes coronais /n, l/ na fala do Rio Grande do Norte (RN). Alinhados aos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística (Weinreich; Labov; Herzog, 2006 [1968]; Labov, 2008 [1972]), organizamos amostra de dados de percepção coletados por meio de um questionário de atitudes linguísticas, elaborado de acordo com a técnica de falsos pares (Lambert et al., 1960) e hospedado na plataforma Google Forms. A amostra analisada contém respostas de 76 indivíduos a 8 escalas de atributos, distribuídos nas categorias de competência, integridade pessoal, atratividade social e associação geográfica, além de uma escala de similaridade de fala e de tarefas de atribuição de escolaridade, faixa etária, atividade profissional e naturalidade. A análise é realizada pelos métodos de regressão logística ordinal e multinomial, com uso dos pacotes ordinal (Christensen, 2019) e mclogit (Elff, 2022), executados no software R (R Core Team, 2022). Os resultados indicam que as avaliações das realizações fonéticas de fricativa variam de acordo com o segmento subsequente. Diante de /n/, contexto em que parece haver predominância de formas palatais na fala do RN, as realizações [z, ʒ] são, no geral, equilibradamente avaliadas. Em contrapartida, diante de /l/, contexto em que a palatalização parece ser ainda pouco produtiva, é indicada preferência pela realização alveolar como marca da identidade regional, embora não seja registrada estigmatização da palatal.

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Publicado

2024-11-28

Cómo citar

Avaliação social das realizações [z, ʒ] de fricativa pós-vocálica diante de soantes coronais na comunidade de fala potiguar (RN). Revista de Estudos da Linguagem, [S. l.], v. 32, n. 2, p. 499–525, 2024. DOI: 10.17851/2237-2083.32.2.499-525. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/relin/article/view/56122. Acesso em: 24 dec. 2025.