v. 6 n. 1 (2025): Limiares destituintes: política, direito, teologia e linguagem (jan/jun 2025)
Dossiê especial

A sanção de vida e morte na exceção soberana: uma análise dos institutos do vitae necisque potestas e iustitium em Giorgio Agamben

Tales Araújo Duarte
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), Sobral, CE, Brasil
Biografia

Publicado 25-03-2025

Palavras-chave

  • Direito romano,
  • Sacralidade,
  • Paradigma,
  • Biopolítica

Como Citar

DUARTE, Tales Araújo. A sanção de vida e morte na exceção soberana: uma análise dos institutos do vitae necisque potestas e iustitium em Giorgio Agamben. (Des)troços: revista de pensamento radical, Belo Horizonte, v. 6, n. 1, p. e56508, 2025. DOI: 10.53981/destrocos.v6i1.56508. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/article/view/56508. Acesso em: 17 jun. 2025.

Resumo

A vastidão da obra filosófica de Giorgio Agamben (1942-) sem dúvidas tem sua maior expressão no seu audacioso projeto filosófico intitulado Homo sacer. Entre os aspectos mais notáveis apresentados pelo filósofo está a ideia de constituição da vida nua a partir do paradigma da sacralidade que tem seus fundamentos no poder de vida e morte e no estado de exceção soberano, respectivamente, fundamentados em dois institutos jurídicos romanos: o vitae necisque potestas e o iustitium. O objetivo é tecer uma análise desse paradigma da vida sacra, tendo por suportes teóricos os institutos jurídicos mencionados, apresentando-os e, sobretudo, buscando identificar de que modo permanecem fortemente operantes em nossos dias. A partir de um itinerário metodológico de revisão bibliográfica pudemos identificar que a máquina biopolítica continua a produzir a vida nua do homo sacer não sendo um resquício do direito arcaico, mas uma forma de poder político na contemporaneidade, que justifica por meio da exceção soberana o arbítrio sobre a vida sacra, lhe sancionando a sentença da execução inimputável.

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Referências

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