A partir do conto de Conceição Evaristo, “Quantos filhos Natalina teve?”, este trabalho busca articular o conceito de “diferença subontológica”, “sistema moderno/colonial de gênero”na tentativa de descrever o lócus fraturado do colonialismo, a partir das gestações de Natalina. Para tanto, a metodologia deste artigo se baseia no uso do aparato dos estudos decoloniais. Desse modo, as quatro gravidezes de Natalina dimensionam diferentes aspectos do que Lugones chama de lado visível e invisível do sistema moderno/colonial de gênero e suas inflexões em contato com "raça" e classe, de modo que os marcadores sociais se constituem mutuamente. Ao final, entende-se que a “Escrevivência”, conceito proposto por Evaristo, torna-se uma importante ferramenta para auxiliar no processo contínuo de construção coletiva desse lócus, isto é, um ponto de inflexão e resistência frente à diferença colonial.