A paisagem de São Salvador do Congo e o discurso colonial português frente a Conferência de Berlim (1884-1885)

Autores

  • Bruno Pastre Maximo Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)

DOI:

https://doi.org/10.31239/vtg.v12i1.12112

Palavras-chave:

São Salvador do Congo, História de Angola, Partilha da África, Paisagem colonial portuguesa, Mbanza Kongo

Resumo

Este artigo busca compreender e analisar o papel da paisagem colonial portuguesa da cidade de São Salvador do Congo nas disputas envolvendo a partilha da África no final do século XIX. A cidade de São Salvador do Congo, atualmente chamada de Mbanza Kongo (Angola), esteve no centro da argumentação colonial portuguesa, considerando principalmente os vestígios arqueológicos e os seus lugares de poder, que atestavam e legitimavam a presença e domínio do território na margem sul do rio Congo. Assim, através da análise das narrativas coloniais, identifica-se a configuração da paisagem colonial lusitana, uma paisagem declamada de glórias e feitos notáveis, diretamente relacionada com o domínio sociopolítico e religioso do Reino do Kongo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BARROSO, Antônio. 1888-1889. O Congo, seu passado, seu presente e seu futuro. Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, 8ª Série, nºs 3 e 4.
BASTIAN, Adolph. 1859. Ein Besuch in San Salvador, der Hauptstadt des Königreichs Kongo. Bremen: Druck und Verlag von H. Strack.
BENTLEY, Willian. 1900. Pioneering on the Congo. London: Religious Tract. Soc.
BENTLEY, Willian. 1887. Life on the Congo. London: The Religious Tract Society.
BINFORD, Lewis R. 1982. The archaeology of place. Journal of anthropological archaeology, v. 1, n. 1, p. 5-31.
BRÁSIO, Antônio. 1952. Monumenta Missionária Africana. Lisboa: Agência Geral do Ultramar.
CAPELLO, Hermenegildo; IVENS, Roberto. 1886. De Angola à contra-costa. Lisboa: Imprensa Nacional.
CASTRO, A. J. 1880. Roteiro da viagem ao reino do Congo. Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, 2.ª Série, n.º 2. Acesso em 14/07/2017. Disponível em: https://web.archive.org/web/20150409181213/http://arlindo-correia.com/161208.html
CAVAZZI DE MONTECUCCOLO, Giovanni Antônio. 1965. Descrição histórica dos três reinos do Congo, Matamba e Angola. Tradução, notas e índices pelo Pe. Graciano Maria de Leguzzano, introd. bibliográfica por F. Leite de Faria, Lisboa: Junta de Invest. do Ultramar.
CORDEIRO, Luciano. 1883. Portugal and the Congo. London: E. Stanford.
CRUZ, Zacharias da Silva. 1858-1859. Extracto de um relatório do chefe do concelho de D. Pedro 5.º. Boletim Oficial do Governo Geral da Província de Angola, n.º 690 e 691 (1858); e n.º 692, 695, 696, 701, 702, 710 e 711 (1859). Acesso em 14/07/2017. Disponível online em: https://web.archive.org/web/20150409133449/http://arlindo-correia.com/020907.html
DE MARET, P. 2002. Urban origins in Central Africa: The case of Kongo. In P. Sinclair (Ed.), The development of urbanism in Africa from a global perspective (pp. 1–15). Uppsala: Uppsala Universitet, Institutionen för arkeologi och antik historia, Afrikansk och jämförande arkeologi.
DÍAZ-ANDREU, Margarita. 2007. A World History of Nineteenth-Century Archaeology. Nationalism, Colonialism, and the Past. Oxford: Oxford University Press.
FARIA LEAL, José Heliodoro. 1914. Memórias D'África. Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, nº10, 32ª série.
FRAGOSO, Henrique M. 1891. Diário de uma viagem do Ambriz a S. Salvador do Congo. Luanda: Typ. Luso-africana.
HEINTZE, Beatrix. 2010. Exploradores Alemães em Angola (1611-1945). Apropriações Etnográficas entre comércio de escravos, colonialismo e ciência. Frankfurt am Main: Frobenius Institut.
HILTON, Anne. 1985. The Kingdom of Kongo. Oxford: Clardon Press.
INGOLD, Tim. 2000. The temporality of the landscape. In: INGOLD, Tim. The perception Of the environment. Essays in livelihood, dwelling and skill. London/New York: Routledge.
JOHNSTON, Harry. 1910. George Grenfell and the Congo. New York: Appleton & Co. Vol. 1.
KELLY, K. & NORMAN, Neil. 2007. Historical archaeologies of landscape in Atlantic Africa. In: HICKS D. (Ed.), MCATACKNEY, L. (Ed.), FAIRCLOUGH, G. (Ed.). 2007. Envisioning Landscape. New York: Routledge.
KNAPP, B. & ASHMORE, W. 1999. Archaeological Landscapes: Constructed, Conceptualized, Ideational, in: KNAPP, B; ASHMORE, W; Archaeologies of landscape: contemporary perspectives. Oxford: Blackwell Publishing.
LEWIS, Thomas. 1902. The Ancient Kingdom of Kongo: Its Present Position and Possibilities. The Geographical Journal, Vol. 19, No. 5. (Maio)
LEWIS, Thomas. 1908. The Old Kingdom of Kongo. The Geographical Journal, Vol. 31, nº 6.
LIMA, José Joaquim de Lopes. 1845. Descobrimento e posse do reino do Congo pelos Portuguezes no seculo XV, sua conquista por as nossas armas no seculo XVI, e successos subsequentes até o começo do seculo XVII. Lisboa: Imprensa Nacional.
LIVINGSTONE, David. 1861. Livingstone's travels and researches in South Africa. Philadelphia: J. W. Bradley.
MARQUES, João Pedro. 2006. A Ocupação do Ambriz (1855): Geografia e Diplomacia de uma derrota Inglesa. Africana Studia, nº 9.
MÁXIMO, Bruno Pastre. 2017. Um lugar entre dois mundos: paisagens de Mbanza Kongo, 312p, Dissertação (Mestrado) – Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, São Paulo.
MENDONÇA, J. L. 2015. Mbanza Congo mais próxima do património mundial da UNESCO. Portal de Angola, 17 fev. 2015. Disponível em: <https://www.portaldeangola.com/2015/02/mbanza-congo-mais-proxima-do-patrimonio-mundial-da-unesco/>. Acesso em: 20 out. 2016.
MONTEIRO. Joachim John. 1876. Angola and The River Congo. New York: MacMillan and Co.
OLIVEIRA, Mario Antônio Fernandes de; COUTO, Carlos Alberto Mendes do. 1971. Angolana, (Documentação sobre Angola). Luanda: Instituto de Investigação Científica de Angola e Lisboa: Centro de Estudos Históricos Ultramarinos, vol. 2.
PELISSIER, Rene. 1986. História das Campanhas de Angola: resistência e revoltas (1845-1941). Lisboa: Editorial Estampa, Vol. 1.
PIGAFETTA, Filippo, LOPES, Duarte. 1989. Relação do reino do Congo e das terras circunvizinhas. Lisboa: ALFA, [1591].
PRINCIPIOS da Cristandade no Congo. 1926. Missões de Angola e Congo. Braga, ano VI, número 5.
RIBEIRO, João Carlos. 1882. De Noqui a S. Salvador. Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, 3ª Série, nº4.
SANTARÉM, Manuel Francisco, Visconde de. 1855. Demonstração dos direitos que tem a coroa de Portugal sobre os territórios situados na costa occidental d'Africa entre o 5º grau e 12 minutos e o 8 de latitude meridional e por conseguinte aos territorios de Molembo, Cabinda e Ambriz. Lisboa: Imprensa Nacional.
SARMENTO, Alfredo de. 1880. Sertões de África: apontamentos de viagem. Lisboa: Editor Francisco Arthur da Silva.
SILVA, Fabíola Andrea. 2013. Território, lugares e memória dos Asurini do Xingu. Revista de Arqueologia, [S.l.], v. 26, n. 1, p. 28-41, jul.
SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DE LISBOA. 1883. Memorandum: A questão do Zaire e os Direitos de Portugal. Lisboa: Fornecedores da Casa de Bragança, 1883.
SOUZA, Marina de Mello e. 2002. Reis negros no Brasil escravista: história da festa de coroação de Rei Congo. Belo Horizonte: Editora UFMG.
STANLEY, Henry M. 1885. The Congo and the founding of its free state: a story of work and exploration. New York: Harper & Brothers.
STANLEY, Henry M. 1878. Through the Dark Continent. New York: Harper & Brothers Publishers.
THORNTON, John K. 1983. The Kingdom of Kongo: Civil War and transition 1641-1718. Madison: Univ. of Wisconsin.
TILLEY, Christopher Y. 2004. The Materiality of Stone. Oxford: Berg.
TRIGGER, Bruce G. 2004. História do pensamento arqueológico. Tradução de Ordep Trindade Serra. São Paulo: Odysses Editora.
TUCKEY, James H. 1818. Narrative of an expedition to explore the River Zaire, usually called the Congo, in South Africa. London, Murray.
WEEKS, John. 1914. Among the Primitive Bakongo. Seeley: Service and Company.

Downloads

Publicado

2018-10-15

Como Citar

Maximo, B. P. (2018). A paisagem de São Salvador do Congo e o discurso colonial português frente a Conferência de Berlim (1884-1885). Vestígios - Revista Latino-Americana De Arqueologia Histórica, 12(1), 5–29. https://doi.org/10.31239/vtg.v12i1.12112

Edição

Seção

Artigos