Contar histórias e caminhar com ancestrais

por perspectivas afrocentradas e decoloniais na arqueologia

Autores

  • Gabby Hartemann Universidade Federal de Minas Gerais
  • Irislane Pereira de Moraes Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.31239/vtg.v12i2.12196

Palavras-chave:

Arqueologia, Ancestralidade, Afrocentralidade, Decolonialidade

Resumo

Este artigo reivindica a adoção de perspectivas afrocentradas e decoloniais pela arqueologia. Apesar da colonialidade do saber, acreditamos na possibilidade de mudança crítica dessa estrutura de conhecimento quando refletimos sobre nossos lugares de fala e perspectivas de pensamentos. A partir de experiências de pesquisa relacionadas à diáspora africana na Guiana Francesa e na Amazônia Paraense, temos compreendido que o contar/ouvir história dos Ancestrais e o caminhar conforme cosmologias de matriz africana encontram espaço na “virada etnográfica” de nossos estudos arqueológicos com comunidades bem como possibilitam a desobediência epistêmica e a revisão de privilégios que estamos dispostxs a fazer também no âmbito da arqueologia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ACEVEDO MARIN, Rosa. 2009. Territorialidades de Grupos Quilombolas. Atlas Sociambiental: municípios de Tomé-açú, Aurora do Pará, Ipixuna do Pará, Paragominas e Ulianopólis, p.288-293 Belém: Edufpa.

AGBE-DAVIES, Anna. 2010. Concepts of community in pursuit of an inclusive archaeology. The International Journal of Heritage Studies 16(6):373-389.

ASANTE, Molefi Kete. 2009. Afrocentricidade: notas sobre uma posição disciplinar. In: Afrocentricidade: uma abordagem inovadora. São Paulo: Selo Negro, Elisa Larkin Nascimento (Org.). Sankofa 4: matrizes africanas da cultura brasileira. 400p.

ASANTE, Molefi Kete. 2013. An Afrocentric Manifesto: Toward an African Renaissance. Hoboken, NJ: Polity.

ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno. 2004. Terras tradicionalmente Ocupadas: Processos de territorialização e movimentos sociais. Rev. B. Estudos Urbanos e Regionais 1(6): 9-32.

ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno. 2005. Nas bordas da Política Étnica: os quilombos e as políticas sociais. BoI. NUER (2): 15-44.

ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno. 2006. Muralhas e paredões: as ruínas das casas grandes e dos engenhos como fator de identificação das comunidades remanescentes de quilombos, in Os quilombolas e base de lançamento de foguete de Alcântara: laudo antropológico, pp. 1-82. Brasília: MMA.

ATALAY, Sonya. 2006. Indigenous Archaeology as Decolonizing Practice. American Indian Quarterly, Vol. 30, No. 3/4, Special Issue: Decolonizing. Archaeology (Summer - Autumn, 2006), pp. 280-310.

BARBOSA, Maria Betanha. 2008. Sistema de Uso Comum de Recursos em Comunidades Quilombolas no Vale do Rio Capim (PA). Dissertação de mestrado. Núcleo de Altos Estudos do Pará, Universidade Federal do Pará.

BARBOSA RODRIGUES, João. 1875. O rio Capim. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional. 52p.

BATTLE-BAPTISTE, Whitney. 2011. Black feminist archaeology. Walnut Creek, Calif: Left Coast Press.

BEZERRA, Márcia. 2011. "As moedas dos índios": um estudo de caso sobre os significados do patrimônio arqueológico para os moradores da Vila de Joanes, ilha do Marajó, Brasil. Boletim do MPEG. 6 (1): 57-70.

BEZERRA, Márcia & RAVAGNAGI, Luis Ricardo. 2013. "Se eu não tiver a minha bateia, quem vai dizer que sou garimpeira?": a memória, a identidade e as coisas no garimpo de Serra Pelada, Amazônia. Iluminuras, 14 (34): 355-360.

BEZERRA, Márcia. 2013. Os sentidos contemporâneos das coisas do passado: reflexões a partir da Amazônia. Arqueologia Pública, n.7:107-122.

BEZERRA, Márcia. 2017. Teto e Afeto: sobre as pessoas, as coisas e a arqueologia na Amazônia . Belém: GK Noronha.

CABRAL, Mariana Petry. 2014. No tempo das Pedras moles: Arqueologia e simetria na Floresta. Tese de Doutorado. Belém, PPG em Antropologia/UFPA.

CASTAÑEDA, Quetzil. 2008. The “Ethnographic Turn” in Archaeology. Research Positioning and Reflexivity in Ethnographic Archaeologies. In: Castañeda, Q E and C Matthews (eds) Ethnographic archaeologies: reflections on stakeholders and archaeological practices. AltaMira Press, Lanham MD.

CASTAÑEDA, Quetzil. E. & Christopher N. MATTHEWS (Ed.). 2008. Ethnographic Archaeologies. Reflections on Stakeholders and Archaeological Practices. Lanham/ Plymouth: Altamira Press. 220p.

COMISSÃO DA VERDADE SOBRE A ESCRAVIDÃO NEGRA NO DISTRITO FEDERAL E ENTORNO. A Verdade sobre a Escravidão Negra no Distrito Federal e Entorno Sindicato dos Bancários de Brasília. – (2016) – . Brasília: Sindicato dos Bancários de Brasília., 2017. 206p.

COLWELL-CHANTHAPHONH, Chip & T. J. FERGUSON (Ed.). 2008. Collaboration in Archaeological Practice: Engaging Descendant Communities. Plymouth: Altamira Press. 300p.

CASTRO-GÓMEZ, Santiago. 2005. Ciências sociais, violência epistêmica e o problema da invenção do outro. IN: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Edgardo Lander (org). Colección Sur Sur, CLACSO, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina.

FABIAN, Johannes. 1990. Presence and Representation: The Other and Anthropological Writing. Critical Inquiry 16: 753-72.

FIGUEIREDO, Ângela. 2017. A descolonização do conhecimento no século XXI. In: Descolonização do conhecimento no contexto afro-brasileiro / organizado por Ana Rita Santiago... [et al.]. – Cruz das Almas/BA : UFRB.

GNECCO, Cristobál. 2004. Arqueología ex-céntrica en Latinoamérica.In: Hacia uma Arqueologia de las Arqueologías Sudamericanas. Editado por Haber, A. pp. 169-183. Bogotá: Universidad de Los Andes.

GNECCO, Cristobál. 2013. Digging alternative archaeologies. In A. González-Ruibal (Ed.), Reclaiming archaeology (pp. 67– 78). London: Routledge

GNECCO, Cristobál & Patricia Ayala ROCABADO (Ed.). 2010. Pueblos indígenas y arqueología en América Latina. Bogotá: Fundación de Investigaciones Arqueológicas Nacionales/ Banco de la República/ CESO, Faculdad de Ciencias Sociales, Universidad de los Andes. 571p.

GONÇALVES, Marco Antonio. 2008. O real imaginado: etnografia, cinema e surrealismo em Jean Rouch. Rio de Janeiro: Topbooks. 239 pp.

GONZALEZ-RUIBAL, Alfredo. 2008. Time to Destroy: An Archaeology of Supermodernity. Current Anthropology. v.49, Number 2. pp.247–279.

GREEN, Lesley F.; David R. GREEN & Eduardo G. NEVES. 2003. Indigenous Knowledge and Archaeological Science: The Challenges of Public Archaeology in the Reserva Uaça. Journal of Social Archaeology. 3 (3): 365-397.

HABER, Alejandro. 2011. Nometodología Payanesa: Notas de Metodología Indisciplinada. Revista de Antropología N° 23, 1er Semestre, 2011: 9-49.

HABER, Alejandro. 2015. Archaeology after archaeology. In Haber, A. F., & Shepherd, N. After ethics : ancestral voices and post disciplinary worlds in archaeology. New York : Springer, pp.118-

HAMILAKIS, Yannis and ANAGNOSTOPOULOS, Aris. 2009. What is Archaeological Ethnography?, Archaeological Ethnographies: Charting a field, devising methodologies, Volume 8 (2-3), p.65 - 87.

HARAWAY, Donna. 1988. Situated Knowledges: The Science Question in Feminism and the Privilege of. Partial Perspective. Feminist Studies, Vol. 14, No. 3. 575-599

JACKSON, Ronald L. & HOGG, Michael A. 2010. 'Afrocentricity', in Jackson, RL & Hogg, MA (eds), Encyclopedia of identity, SAGE Publications, Inc., Thousand Oaks, CA, pp. 13-14, viewed 6 October 2018, doi: 10.4135/9781412979306.n6.

MAZAMA, Ama. 2009. A afrocentricidade como um novo paradigma. In: Afrocentricidade: uma abordagem inovadora. São Paulo: Selo Negro, Elisa Larkin Nascimento (Org.). Col. Sankofa Vol. 4: matrizes africanas da cultura brasileira.

MARSHALL, Yvonne. 2002. What is Community Archaeology? World Archaeology, vol. 34, n. 2:211-219.

MCDAVID, Carol. 2002. Archaeologies that Hurt: Descendants that Matter: A pragmatic approach to collaboration in the public interpretation of African-American archaeology. World Archaeology, vol. 34, n. 2:303-314.

MEINTEL, Deirdre. 2011. « Apprendre et désapprendre : quand la médiumnité croise l'anthropologie » Anthropologie et Sociétés, vol. 35, n° 3, 2011, p. 89-106.

MIGNOLO, Walter. 2005. A colonialidade de cabo a rabo: o hemisfério ocidental no horizonte conceitual da modernidade. IN: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Edgardo Lander (org). Colección Sur Sur, CLACSO, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina.

MIGNOLO, Walter. 2009. Epistemic Disobedience, Independent Thought and De-Colonial Freedom. Theory, Culture & Society. 26 (7-8): 1-23.

MILLION, Tara. 2005. Developing an Aboriginal Archaeology: Receiving Gifts from the White Buffalo Calf Woman. In Claire Smith & Hans Martin Wobst (eds.), Indigenous Archaeologies: Decolonizing Theory and Practice. Routledge, p.43-55.

MORAES, Irislane P. 2012. Do tempo dos Pretos d'antes aos Povos do Aproaga: Patrimônio arqueológico e territorialidade quilombola no vale do rio Capim (PA). Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Antropologia, UFPA. Belém. 237p.

NASCIMENTO, Elizabeth Larkin. 2008. Sankofa: significados e intenções. In: A matriz africana no mundo. São Paulo: Selo Negro Ed. Col. Sankofa I: Matrizes africanas da cultura brasileira, p.9-54.

OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ. 1997. The Invention of Women: Making an African Sense of Western Gender Discourses. Minneapolis: University of Minnesota Press. 256 p.

PNCSA - PROJETO NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZÔNIA. Povos do Aproaga - São Domingos do Capim. Fascículo 24. Série: Movimentos Sociais, Identidade Coletiva e conflitos. Belém: Universidade Federal do Amazonas / Universidade Estadual do Amazonas. 12p.

PNCSA - PROJETO NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZÔNIA. 2014. Boletim informativo Guerra do Dendê: quilombolas atingidos pela expansão do dendê no Pará. Proj. Mapeamento Social como Instrumento de Gestão Territorial contra o Desmatamento e a Devastação: processo de capacitação de povos e comunidades tradicionais. – N. 9 (set. 2014) – Manaus: UEA Edições.

PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. 2005. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Edgardo Lander (org). Colección Sur Sur, CLACSO, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina.

PRICE, Richard. 2002. First-time: the historical vision of an African American people. Chicago: University of Chicago Press. 189 p.

PRICE, Richard. 2010. Voyages avec Tooy: histoire, mémoire, imaginaire des Amériques noires. La Roque d'Anthéron: Vents d'ailleurs. 520 p.

QUIJANO, Aníbal. 2005. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina, IN: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Edgardo Lander (org). Colección Sur Sur, CLACSO, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina.

RAMOS, Alberto Guerreiro. 1995. [1982]. A patologia social do “Branco” brasileiro, IN: Introdução crítica à sociologia brasileira. Rio de Janeiro : Ed. UERJ, série Terceira margem.

RIBEIRO, Djamila. 2017. O que é lugar de fala? Belo Horizonte (MG): Letramento: Justificando, 112p. (Feminismos Plurais).

RIBEIRO, Loredana. 2017. Crítica feminista, arqueologia e descolonialidade. Revista de Arqueologia, [S.l.], v. 30, n. 1, p. 210-234. ISSN 1982-1999.

SANKOFA, 2013.Revista de História da África e de Estudos da Diáspora Africana/Núcleo de Estudos de África, Colonialidade e Cultura Política – Número XII, Ano VI, Dezembro. São Paulo, NEACP-USP.

SCHUCMAN, Lia Vainer 2013. Entre o Encardido, Branco e o Branquíssimo: branquitude, hierarquia e poder na cidade de São Paulo. 1ª ed. ANNABLUME Editora: São Paulo.

SILVA, Fabíola Andréa; Eduardo BESPALEZ & Francisco Forte STUCHI. 2011. Arqueologia Colaborativa na Amazônia: Terra Indígena Kuatinemu, Rio Xingu, Pará. Amazônica. 3 (1): 32-59.

STOLLER, Paul. 1994. Ethnographies as Texts/Ethnographers as Griots. American Ethnologist, Vol. 21, No. 2 (May, 1994), pp. 353-366. Published by: Blackwell Publishing on behalf of the American Anthropological Association

VILLELA, Alice. 2015. O negativo e o positivo: a fotografia entre os Asuriní do Xingu. 2015. Tese (Doutorado em Antropologia Social) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.

WALLACE, Alfred Russel. 2004 [1848]. Capítulo V: Rios Guamá e Capim. In: Viagens pelo Amazonas e rio Negro (17): 153-177. Brasília: Senado Federal.

WERNECK, Jurema. 2009. Nossos passos vêm de longe! Movimentos de mulheres negras e estratégias políticas contra o sexismo e o racismo. In: Vents d'Est, vents d'Ouest: Mouvements de femmes et féminismes anticoloniaux [en línea]. Genève: Graduate Institute Publications.

YAI, Ọlabiyi Babalọla. 1993. In Praise of Metonymy: The Concepts of "Tradition" and "Creativity" in the Transmission of Yoruba Artistry over Time and Space. Research in African Literatures, Vol. 24, No. 4, Special Issue in Memory of Josaphat Bekunuru Kubayanda (Winter, 1993), pp. 29-37.

Downloads

Publicado

2022-04-21

Como Citar

Hartemann, G., & Moraes, I. P. de. (2022). Contar histórias e caminhar com ancestrais: por perspectivas afrocentradas e decoloniais na arqueologia. Vestígios - Revista Latino-Americana De Arqueologia Histórica, 12(2), 9–34. https://doi.org/10.31239/vtg.v12i2.12196

Edição

Seção

Artigos