A estetização do cotidiano e o teatro onipresente

revisitando os cachimbos barrocos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31239/vtg.v16i2.37880

Palavras-chave:

cachimbos de barro, fumo, barroco

Resumo

Esse artigo enfatiza os cachimbos de barro que, em função dos motivos estilísticos que apresenta, foram e são referidos na arqueologia como barrocos. O texto ressalta alguns elementos da arte acadêmica barroca para destacar e discutir elementos formais e estéticos desses pitos, bem como outros elementos simbólicos do etos barroco colonial que podem ter feito parte do ato (também no sentido teatral da palavra) fumageiro. Observa-se nesses cachimbos uma diversidade formal e simbólica, cujos motivos afastam-se do barroco religioso e do barroco acadêmico europeu, aproximando-se do rococó e integrando o movimento de estetização do cotidiano popular e cenicidade da vida.

Referências

Aboagyewaa-Nitiri, J. & Vijayan, A. (2016). Adinkra symbolic clothing for the empowerment of African women: Akan example. Int. J. Gender Studies in Developing Societies, 1(3).

Alves, M. (2013). Duas caras: estudo de cachimbos de barro de Minas Gerais. 35f. Curso de Graduação em Antropologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Trabalho de final da disciplina “Métodos e Técnicas em Arqueologia”, ministrada pela professora Maria Jacqueline Rodet.

Alves, M. (2015). Notas sobre cachimbos de barro no Brasil (séc.XVIII e XIX). Temporalidades, Belo Horizonte, 7 (Suplemento). 1101-1111.

Adorno, T. (1982). Teoria estética. Lisboa: Edições 70.

Agbe-Davies, A. (2017). Laboring under an illusion: aligning method and theory in the archaeology of plantation slavery. Historical Archaeology, 52(1): 125-139.

Agostini, C. (1998). Resistência cultural e reconstrução de identidades: um olhar sobre a cultura material de escravos do século XIX. Revista de História Regional, 3(2). 115-137.

Agostini, C. (2009). Cultura material e a experiência africana no sudeste oitocentista: cachimbos de escravos em imagens, histórias, estilos e listagens. Topoi, Rio de Janeiro, 10(18). 39-47.

Agostini, C. (2011). Mundo Atlântico e Clandestinidade: dinâmica material e simbólica em uma fazenda litorânea no sudeste, século XIX. 2011. Tese de (Doutorado em História) – Universidade Federal Fluminense, Niterói.

Agostini, C. (2018). “Cachimbos de escravos?”: Miudezas do cotidiano entre malungos, irmãos e alteridades. In: Chevitarese, André e Gomes, Flávio (orgs.) Dos Artefatos e das Margens: ensaios da história social e cultura material no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: 7 Letras. 11-37.

Allen, S. (2016). Afrofatos. Vestígios: Revista Latino-Americana De Arqueologia Histórica, 10(1). 93-105.

Artefacto (2006). Arqueologia na casa setecentista de Mariana. Mariana: Artefactto,

Barata, F. (1944). Arte indígena Amazônica: os maravilhosos cachimbos de Santarém. Revista Estudos Brasileiros, Rio de Janeiro, 7(13). 270-293.

Barata, Frederico (1951). A arte oleira dos Tapajó: os cachimbos de Santarém. Revista do Museu Paulista, São Paulo, ano 5. 183-98.

Barros, E. L. a (2010). Cachimbos da Sé de Salvador. Trabalho de conclusão de curso de graduação em Museologia, Universidade do Recôncavo da Bahia, Cachoeira.

Bastide, R. (2006) [1951]. Variações sobre a porta barroca. Novos Estudos, n. 75, Cebrap.

Bazin, G. (1964). Baroque and rococó art. Nova Iorque: Thames and Hudson.

Benjamin, W. (1984). Origem do drama barroco alemão. São Paulo: Editora Brasiliense.

Bonnet, M. (2007). Rompendo laços: o Estilo Joanino nas capitanias da Bahia, Minas Gerais, Pernambuco e Rio de Janeiro. Revista Ohun, 3(3). 181-236.

Bornal, W. G. (2008). Sítio Histórico São Francisco - Um estudo de Arqueologia da Paisagem. Tese de doutorado no Programa de Pós-graduação em arqueologia do Museu de Arqueologia e Etnologia / USP.

Brancante, E. da F. (1981). O Brasil e a Cerâmica Antiga. Cia Lithographica, Ypiranga. São Paulo.

Caetano, K. A. (2010). Cachimbos Cerâmicos com decoração antropomórfica: suas influências na formação das identidades femininas em Goiás. Goiânia: Pontifícia Universidade Católica de Goiás, 2010: Monografia (Graduação) - Curso de Arqueologia, Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia.

Coelho, F. A. do N. (2012). A negra fumaça: uma análise dos cachimbos do sítio arqueológico Macacu IV – Itaboraí, RJ. Dissertação de mestrado, UFRJ/MN.

Campos, A. A. (2006). Introdução ao barroco mineiro. Belo Horizonte: Editora Crisálida.

Carise, I. (1998). Máscaras Africanas: Sociedades Secretas e Ancestrais. São Paulo: Angelotti.

Contin, C. (2010). Madeira, couro, cores e carne: histórias entre Commedia dell’Arte e máscaras do mundo. In: Beltrame, Valmor Níni e Andrade, Milton. (org). Teatro de Máscaras. Florianópolis: UDESC, p. 57-118.

Cunha, L. A. (2005). O ensino de ofícios artesanais e manufatureiros no Brasil escravocrata. São Paulo, Editora Unesp.

Da Matta, R. (1983). Digressão: A fábula das três raças, ou o problema do racismo à brasileira. In: Relativizando: Uma introdução à antropologia social. Petrópolis: Vozes.

Davey, P. (s.d.). Clay pipe found on the Salcombe Cannon Site. Disponível em << http://www.swmag.org/index.php/clay-pipe>>. Acessado em: 10/02/2016.

Duco, D. (1980). Clay pipe manufacturing processes in Gouda, Holland. In: DAVEY, Peter (Ed). The archaeology of the clay tobacco pipe IV. BAR International series 92. Londres: BAR. 179-218.

Duco, D. (1987). De Nederlandse Kleipijp. Museu do Cachimbo, Leiden.

Duco, D. (1993). Kleipijpen. In LENTING, J. et al (orgs). Schans op de Grens: Bourtangerbodemvondsten 1580-1850. Sellingen: Stichting Vesting Bourtange.

Dzokoto, V. et al. (2019). Saying more than goodbye: emotion messages in Adinkra symbols. Journal of Visual Literacy. 1-22.

Echeverría, B. (2000). La modernidad de lo barroco. Ciudad de México: Ediciones Era.

Faria, J. R. (2012). História do Teatro Brasileiro: das origens ao teatro profissional da primeira metade do século XX. Editora Perspectiva: São Paulo.

Franco, M. (1969). African Masks. Londres: Paul Hamlyn.

Garcia, J. (2014). Análise dos atributos decorativos da coleção Ordener Ferreira. Trabalho de conclusão no curso de bacharelado em Arqueologia. Pontifícia Universidade Católica de Goiás.

Gaspar, M. D. (2009). Arqueologia, cultura material e patrimônio. Sambaquis e cachimbos. In: Granato, Marcus; Rangel, Marcio (Orgs.). Cultura material e patrimônio da Ciência e Tecnologia. Rio de Janeiro: MAST/CNPq, p. 39-52.

Goldman, M. (2015). “Quinhentos anos de contato”: por uma teoria etnográfica da (contra) a mestiçagem. Mana, 21(3). 641-659.

Goldman, M. (2017). Contradiscursos afroindígenas sobre mistura, sincretismo e mestiçagem: estudos etnográficos. Revista de antropologia da UFSCar, 9 (2). 11-28.

Guaraldo Almeida, F. (2021). Passado e Presente na Paisagem: Temporalidade na paisagem quilombola no arquipélago de Tinharé, município de Cairu/BA. Tese de doutoramento em Arqueologia, Museu de Arqueologia e Etnologia /USP.

Guaraldo Almeida, F. (2022). Cachimbos de barro na comunidade quilombola de Galeão: achados arqueológicos para pensar a diáspora africana. Vestígios: Revista Latino-Americana De Arqueologia Histórica, este volume.

Guimarães, C. M. (2009). Prospecção complementar e salvamento arqueológico na área a ser impactada pela implantação do AHE Simplício, Queda única. Belo Horizonte: LA-UFMG.

Hartemann, G. & Moraes, I. (2019). Contar histórias e caminhar com ancestrais: por perspectivas afrocentradas e decoloniais na arqueologia. Vestígios: Revista Latino-Americana De Arqueologia Histórica, 12(2). 09-34.

Heckscher, M. (1992). American rococó, 1750-1775: elegance in ornament. Nova Iorque: Harry N. Abrams Inc..

Herskovits, M. (1941). The Myth of the Negro Past. Nova Iorque: Harper and Brothers Publishers.

Hissa, S. de B. V. (2018). O petyn no cachimbo branco: arqueologia e fumo nos séculos XVII ao XIX. Tese (Doutorado em Arqueologia), Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Hissa, S. de B. V. (2019a). Brancos, castanhos e vermelhos: cachimbos arqueológicos de cerâmica no forte Orange. Vestígios: Revista Latino-Americana de arqueologia histórica, Belo Horizonte, 13(1). 03-28.

Hissa, S. de B. V. (2019b). O pito (de) holandês: cachimbos arqueológicos de caulim do Recife e de Salvador. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi: Ciências Humanas, 14. 963-980.

Hissa, S. de B. V. (2020). Fumo e arqueologia histórica: cachimbos importados no Brasil, séculos XVII ao XIX. Curitiba, Editora Appris.

Hissa, S. de B. V. & Barcelos, R. (2016). Vistoria ao sítio arqueológico do Lanhoso, Jacuí, Minas Gerais. IPHAN-MG, Belo Horizonte.

Holanda, S. B. de (1948). Raízes do Brasil. São Paulo: José Olímpio Editora.

Janson, H. W. (2001). História geral da arte: Renascimento e barroco. São Paulo: Editora Martins Fontes.

Lima, A. R. S. (2018). Os sentimentos marcados no barro: análise estilística dos cachimbos afro-brasileiros em Diamantina, MG. Monografia de graduação em Humanidades, Faculdade Interdisciplinar em Humanidades (FIH), UFVJM, Diamantina, 61f.

Lima, T. A. (2011). O problema da atribuição de identidades étnicas a registros arqueológicos. In: Loponte, Daniel e Acosta, Alejandro (eds.). (Org.). Arqueología Tupiguaraní. Buenos Aires, Argentina: Instituto Nacional de Antropología y Pensamiento Latinoamericano, p. 7-21.

Lima Filho, M. F. (2013). A casa, a santa e o rei: memórias afro-ouro-pretanas. In: Agostini, Camilla (org). Objetos da escravidão: abordagens sobre a cultura material da escravidão e seu legado. Rio de Janeiro: 7Letras.p.283-304.

Lopes, G. A. (2008). Negócio da Costa da Mina e comércio atlântico: tabaco, açúcar, ouro e tráfico de escravos, Pernambuco (1654-1760). 264 f. Programa de pós-graduação em história econômica, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Mack, M. & Blakey, M. (2004). The New York African Buriel Ground Project: Past Biases, Current Dillemas, and Future Research Opportunities. Historical Archaeology, 38(1). 10–17.

Martino, A. (2020). From Kings to Kids: Refashioning Akan Adinkra Symbols as ‘African’ Motifs in a Nineteenth-Century British Cloth Design, Textile History. 01-32.

Mello Neto, U. P. de (1977a). O Galeão Sacramento (1668): Um naufrágio do século XVII e os resultados de uma pesquisa de arqueologia submarina na Bahia (Brasil). Revista Navigator, 13. 07-40.

Mello Neto, U. P. de (1977b). O fumo no nordeste, 1500-1654. Revista do Instituto arqueológico, histórico e geográfico pernambucano, XLIX. 253-292.

Mello Neto, U. P. de (1983). O Forte das Cinco Pontas. Recife: fundação de Cultura Cidade do Recife.

Mignolo, W. (2020). Histórias locais / projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Belo Horizonte: Editora UFMG.

Morales, W. (1999). Os cachimbos cerâmicos do MAE/USP: apresentação de uma coleção. Revista do MAE/USP, 9, 207-221.

Nascimento, É. & Lima, D. (2014). Pesquisa arqueológica da casa setecentista (casa de pedra), Amarantina, Ouro Preto, MG. Belo Horizonte

Najjar, R. (2010). Arqueologia do Pelourinho. Brasília: IPHAN.

Novaes, L. (2021). A tecnologia do ebó: arqueologia de materiais orgânicos em contextos afro-religiosos. Revista de Arqueologia, 34(3), p. 283–306.

Oosteveen, J. V. (1996). Kalfje, 17e eeuwsekleipijpen. Het Profiel, dez.03-32.

Oosteveen, J. V. (2015). Tabak, tabakspijpenmakers en hunproducten in Rotterdam (1600-1675). In BOORnotitie 19. Bureau OudheidkundigOnderzoek Rotterdam, Roterdã.

Ott, C. (1944). Contribuição à arqueologia baiana. Boletim do Museu Nacional, Nova Série. Antropologia, 5. 01-37.

Paiva, Z. (2015). Uma baforada sim sinhô: cachimbos cerâmicos e as dinâmicas socioculturais da Diamantina oitocentista. Dissertação (Mestrado em Arqueologia), Universidade Federal do Piauí, Teresina.

Panofsky, E. (1995). Three essays on style. Londres: MIT Press.

Prado, D. de A. (1999). História concisa do teatro brasileiro. São Paulo: EDUSP.

Ribeiro, L. (2010). Os sítios arqueológicos históricos das áreas de influência da segunda linha de mineroduto: Espírito Santo e Minas Gerais, séculos XVII ao XIX. Belo Horizonte: Cooperativa Cultura.

Seeman, E. (2010). Reassessing the “Sankofa Symbol” in New York's African Burial Ground. The William and Mary Quarterly, 67(1). 101-122.

Silliman, S. (2015). A requiem for hybridity? The problem with Frankensteins, purées, and mules. Journal of Social Archaeology. 0(0). 01-22.

Silliman, S. (2019). Entre a Longue Durée e o Short Purée: Arqueologias Pós-Coloniais da história indígena na América do Norte colonial. Vestígios: Revista Latino-Americana De Arqueologia Histórica, 13(1). 161–175.

Souza, M. A. T. (2000). Ouro Fino: arqueologia histórica de um arraial de mineração do século XVIII em Goiás. 2000. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia.

Souza, M. A. T. & Lima, T. A. (2022). Olhando, desejando, in-corporando: cachimbos de barro na construção de comunidades diaspóricas. Vestígios: Revista Latino-Americana De Arqueologia Histórica, este volume.

Temple, C. (2009). The emergence dof Sankofa practice in the United States. Journal of Black Studies.

Trancoso, L. & Zanettini, P. (2022). Tabaco nas frentes de lavra no centro-oeste colonial brasileiro: fragmentos de um hábito cotidiano. Vestígios: Revista Latino-Americana De Arqueologia Histórica, este volume.

Wölfflin, H. (2018 [1888]). Renacimiento y barroco. Titivillus.

Downloads

Publicado

2022-07-27

Como Citar

A estetização do cotidiano e o teatro onipresente: revisitando os cachimbos barrocos. (2022). Vestígios - Revista Latino-Americana De Arqueologia Histórica, 16(2), 54-86. https://doi.org/10.31239/vtg.v16i2.37880