Saúde bucal da criança indígena
estudo em uma Reserva Indígena da Amazônia
DOI:
https://doi.org/10.7308/aodontol/2018.54.e18Palavras-chave:
Saúde de populações indígenas, Cárie dentária, Higiene bucal, Saúde bucalResumo
Objetivo: Identificar e descrever a condição de saúde bucal de crianças pertencentes à etnia Gavião, habitantes da Reserva Indígena Mãe Maria, Bom Jesus do Tocantins, no Estado do Pará, considerando-se aspectos antropológicos do processo saúde-doença desse povo.
Métodos: Um estudo transversal foi conduzido com 93 crianças indígenas de 2 a 8 anos, de ambos os sexos e habitantes da Reserva. Exames clínicos foram realizados, analisando-se a prevalência de cárie dentária e qualidade da higiene bucal e a determinação dos índices CPO-D e Índice de Higiene Oral Simplificado (IHOS). Para a avaliação socioeconômica, de hábitos de higiene e alimentares foram aplicados questionários em forma de entrevistas aos responsáveis. Testes do Qui-quadrado e de Wilcoxon foram utilizados para analisar a associação entre variáveis, considerando-se valor de p ≤ 0,05.
Resultados: O CPO-D médio foi de 5. Verificou-se que 10,7% dos examinados estavam livres de cárie. O percentual do componente “cariado” foi maior que os demais componentes do índice para ambos os sexos. O IHOS médio encontrado foi de 2,3, não diferindo quanto ao sexo. Encontrou-se associação entre as varáveis: CPO-D/ceo-d e experiência de dor (p = 0,02); CPO-D/ceo-d e o IHOS (p = 0,0001) e entre idade e IHOS (p = 0,0001). Evidenciou-se, portanto, alta prevalência de cárie e qualidade regular de higiene bucal entre os estudados.
Conclusão: As crianças indígenas estudadas possuem índice acima da média nacional e regional, no que tange a doença cárie, quando comparado aos resultados nacionais aos 12 anos de idade. Os impactos trazidos pelo contato com a sociedade branca podem ter relação com a condição atual de saúde bucal desse povo.
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