Perfil dos pacientes atendidos na clínica de traumatismo dentário na dentição decídua em Belo Horizonte/MG

Autores

  • Yasmim Ferreira Carvalho Federal University of Minas Gerais
  • Jonathan Lopes de Lisboa Federal University of Minas Gerais
  • Izabella Fernandes Federal University of Minas Gerais
  • Patricia Maria Pereira de Araújo Zarzar Federal University of Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.35699/2178-1990.2024.48192

Palavras-chave:

Criança, Dente decíduo, Traumatismos dentários

Resumo

Objetivo: O presente estudo teve como objetivo avaliar o perfil dos pacientes atendidos em um centro de referência de traumatismos dentários na dentição decídua, identificando as características sociodemográficas, frequência, tipos de lesões traumáticas e tratamentos realizados.

Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo com prontuários odontológicos de crianças de 6 a 60 meses de idade atendidas na Clínica de Traumatismo na Dentição Decídua da FAO/UFMG no período de 2007 a 2019. Foram analisadas características das lesões traumáticas, da criança, atendimento imediato (2h após o trauma) e condições socioeconômicas. A análise dos dados foi realizada de maneira descritiva e consistiu na distribuição de frequência das variáveis.

Resultados: Entre os 610 prontuários odontológicos, 365 crianças (59,8%) eram do sexo masculino; 335 (54,9%) tinham 3 anos de idade ou menos, 446 (73,1%) eram de baixa renda e 335 (54,9%) das mães estudaram até o ensino médio. Lesões aos tecidos duros dentários apresentaram a maior frequência em crianças com 3 anos de idade ou menos (60,4%), entretanto, após os 3 anos de idade, as lesões mais frequentes foram lesões aos tecidos de sustentação (48,0%). Dentre a classificação de lesões aos tecidos duros dentários, a trinca e/ou fratura de esmalte foi a lesão mais frequente (15,0%). A luxação intrusiva foi o trauma mais frequente nos tecidos de sustentação (11,2%) e lesão em gengiva foi mais frequente dentre lesões nos tecidos moles (9,5%). Em geral, 212 crianças (34,8%) buscaram atendimento em um intervalo menor ou igual a duas horas após o trauma. A exodontia foi o tratamento mais realizado: em casos de lesões aos tecidos de sustentação (47,1%), seguido do mantenedor de espaço (24,3%). Em tecidos duros dentários a exodontia também foi o tratamento mais frequente (50,7%), seguido de restauração e mantenedor de espaço (18,0%).

Conclusão: Conclui-se que a maioria dos traumatismos dentários na dentição decídua foram em meninos com menos de 3 anos e as lesões mais comuns foram trincas/fratura de esmalte, seguidas das luxações intrusivas.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Özgür B, Ünverdi GE, Güngör HC, McTigue DJ, Casamassimo PS. A 3-year retrospective study of traumatic dental injuries to the primary dentition. Dent Traumatol. 2021;37(3):488-96.

Borges TS, Vargas-Ferreira F, Kramer PF, Feldens CA. Impact of traumatic dental injuries on oral health-related quality of life of preschool children: a systematic review and meta-analysis. PLoS One. 2017;12(2):e0172235.

Dutra FT, Marinho AM, Godoi PFS, Borges CM, Ferreira EF, Zarzar PM. Prevalence of dental trauma and associated factors among 1- to 4-year-old children. J Dent Child (Chic). 2010;77(3):146-51.

Lessa SV, Silva AMP, Santos LA, Vieira MS, Seabra LMA, Ferreira DC. Trauma in primary teeth at a specialized service center: retrospective cohort. Pesqui Bras Odontopediatria Clín Integr. 2020;20:e5092.

Patnana AK, Chugh A, Chugh VK, Kumar P, Vanga NRV, Singh S. The prevalence of traumatic dental injuries in primary teeth: a systematic review and meta-analysis. Dent Traumatol. 2021;37(3):383-99.

Tümen EC, Adigüzel O, Kaya S, Uysal E, Yayez I, Ozdemir E, et al. Incisor trauma in a turkish preschool population: prevalence and socio-economic risk factors. Community Dent Health. 2011;28(4):308-12.

Granville-Garcia AF, Vieira ITA, Siqueira MJPS, Menezes VA, Cavalcanti AL. Traumatic dental injuries and associated factors among brazilian preschool children aged 1-5 years. Acta Odontol Latinoam. 2010;23(1):47-52.

McTigue DJ. Managing injuries to the primary dentition. Dent Clin North Am. 2009;53(4):627-38.

Costa VPP, Goettems ML, Baldissera EZ, Bertoldi AD, Torriani DD. Clinical and radiographic sequelae to primary teeth affected by dental trauma: a 9-year retrospective study. Braz Oral Res. 2016;30(1):e89.

Wanderley MT, Weffort ICC, Kimura JS, Carvalho P. Traumatismos nos dentes decíduos: entendendo sua complexidade. Rev Assoc Paul Cir Dent. 2014;68(3):194-200.

Jindal G, Kumar D. Developmental malformation of primary and permanent dentition: a rare sequel of trauma. J Contemp Dent Pract. 2013;14(5):944-7.

Barros JNP, Araújo TAA, Soares TRC, Lenzi MM, Risso PA, Fidalgo TKDS, et al. Profiles of trauma in primary and permanent teeth of children and adolescents. J Clin Pediatr Dent. 2019;43(1):5-10.

Lembacher S, Schneider S, Lettner S, Bekes K.. Prevalence and patterns of traumatic dental injuries in primary teeth: a 3-year retrospective overview study in Vienna. Clin Oral Investig. 2022;26:2085-93.

Guedes OA, Alencar AHG, Lopes LG, Pécora JD, Estrela C. A A retrospective study of traumatic dental injuries in a brazilian dental urgency service. Braz Dent J. 2010;21(2):153-7.

Andreasen JO, Andreasen FM, Andersson L. Textbook and color atlas of traumatic injuries to the teeth. 4th ed. Hoboken: Wiley-Blackwell; 2007.

Vieira WA, Pecorari VGA, Gabriel PH, Vargas-Neto J, Santos ECA, Gomes BPFA, et al. The association of inadequate lip coverage and malocclusion with dental trauma in brazilian children and adolescents: a systematic review and meta-analysis. Dent Traumatol. 2022;38(1):4-19.

Bervian J, Feldens CA, Kramer PF, Pavinato LCB. Assessment of occlusal characteristics of the primary dentition: a cross-sectional study in brazilian preschool children. RFO UPF. 2016;21(2):224-30.

Magno MB, Neves AB, Ferreira DM, Pithon MM, Maia LC. The relationship of previous dental trauma with new cases of dental trauma: a systematic review and meta-analysis. Dent Traumatol. 2019;35(1):3-14.

Levine N. Injury to the primary dentition. Dent Clin North Am. 1982;26(3):461-80.

Whaites E. Princípios de radiologia odontológica. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2009.

Freitas A, Rosa JE, Souza IF. Radiologia odontológica. 6. ed. São Paulo: Artes Médicas; 2004.

Bonfadini I, Pereira JT, Knorst JK, Luz PB, Scapinello M, Hugo FN, et al. Maternal characteristics, home environment, and other factors associated with traumatic dental injuries in preschool children. Dent Traumatol. 2020;36(1):33-40.

Antipovienė A, Narbutaitė, J, Virtanen JI. Traumatic dental injuries, treatment, and complications in children and adolescents: a register-based study. Eur J Dent. 2021; 15(3):557-62.

Oncag O, Sarigol CG, Arabulan S. Retrospective evaluation of primary anterior teeth injuries and prevalence of sequelea in their successors. Contemp Pediatr Dent. 2021;2(1):41-9.

Soares TRC, Jural LA, Sant’ana I, Luiz RR, Antunes LAA, Risso PA, et al. Risk factors for different types of traumatic injuries in primary teeth. Pesqui Bras Odontopediatria Clin Integr. 2020;20:e5150.

Cully JL, Zeeb K, Sahay RD, Gosnell E, Morris H, Thikkurissy S. Prevalence of primary teeth injuries presenting to a pediatric emergency department. Pediatr Dent. 2019;41(2):136-9.

Freire-Maia FB, Auad SM, Nogueira MH, Abreu G, Sardenberg F, Martins MT, et al. Prevalence of and factors associated with enamel fracture and other traumas in brazilian children 8–10 years old. Braz Oral Res. 2018;32:e89.

Odersjö ML, Robertson A, Koch G. Incidence of dental traumatic injuries in children 0-4 years of age: a prospective study based on parental reporting. Eur Arch Paediatr Dent. 2018;19(2):107-11.

Andrade MRTC, Americano GCA, Costa MP, Lenzi MM, Marsillac MWS, Campos V. Traumatic injuries in primary dentition and their immediate and long-term consequences: a 10-year retrospective study from the State University of Rio de Janeiro, Brazil. Eur Arch Paediatr Dent. 2021;22(6):1067-76.

Bragança-Souza KK, Lisboa JL, Guimarães MO, Vieira-Andrade RG, Freire-Maia FB, Martins-Júnior, PA et al. Determinant factors for immediate care seeking after traumatic dental injury among brazilian children. Braz Oral Res. 2021;35:e112.

Kramer PF, Feldens CA. Traumatismo na dentição decídua: prevenção, diagnóstico e tratamento. 2. ed. São Paulo: Santos; 2013.

Holan G. Pulp aspects of traumatic dental injuries in primary incisors: dark coronal discoloration. Dent Traumatol. 2019;35(6):309-11.

Day PF, Flores MT, O’Connel AC, Abbott PV, Tsilingaridis G, Fouad AF, et al. International Association of Dental Traumatology guidelines for the management of traumatic dental injuries: 3. Injuries in the primary dentition. Dent Traumatol. 2020;36(4):343-59.

Levin L, Day PF, Hicks L, O’Connell A, Fouad AF, Bourguignon C, et al. International Association of Dental Traumatology guidelines for the management of traumatic dental injuries: general introduction. Dent Traumatol. 2020;36(4):309-13.

Noori AJ, Al-Obaidi WA. Traumatic dental injuries among primary school children in Sulaimani city, Iraq. Dent Traumatol. 2009;25(4):442-6.

Lauridsen E, Blanche P, Yousaf N, Andreasen JO. The risk of healing complications in primary teeth with intrusive luxation: a retrospective cohort study. Dent Traumatol. 2017;33(5):329-36.

Diab M, ElBadrawy HE. Intrusion injuries of primary incisors. Part III: effects on the permanent successors. Quintessence Int. 2000;31(6):377-84.

Van Tiggelen R. In search for the third dimension: from radiostereoscopy to three-dimensional imaging. J Belge Radiol. 2002;85(5):266-70.

Downloads

Publicado

2024-06-11

Como Citar

Carvalho, Y. F., Lisboa, J. L. de, Fernandes, I., & Zarzar, P. M. P. de A. (2024). Perfil dos pacientes atendidos na clínica de traumatismo dentário na dentição decídua em Belo Horizonte/MG. Arquivos Em Odontologia, 60, 58–69. https://doi.org/10.35699/2178-1990.2024.48192

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)