ESTRATÉGIA POLÍTICA E JUDICIALIZAÇÃO
Resumo
A proeminente atuação das cortes judiciais na intervenção em aspectos centrais do funcionamento da democracia é uma constatação recorrente da literatura sobre judicialização da política (TATE e VALINDER, 1995; VIANNA, 1996 e 2002; ARANTES, 2002). Este artigo teve por objetivo compreender os possíveis desdobramentos teóricos da incorporação da atuação do Judiciário como variável analítica importante para o entendimento da política, seja como tática da oposição, como instrumento de governo ou como arbitragem de interesses em conflito (TAYLOR e DA ROS, 2008). Partindo de uma concepção institucional do fenômeno da judicialização, pretendeu-se abordar as potencialidades teóricas da incorporação do Judiciário como ator político não neglicenciável no jogo político, em particular para os modelos teóricos de estudos legislativos.
Palavras-chave: Judicialização da política. Estratégia política. Novo-institucionalismo. Estudos Legislativos. Controle de Constitucionalidade.
POLITICAL STRATEGY AND JUDICIALIZATION
ABSTRACT: The prominent role of the courts intervention in central aspects of the functioning of democracy is made repeatedly in the literature on judicialization of politics (TATE and VALINDER, 1995; VIANNA, 1996 and 2002; ARANTES, 2002). This article aims to analyze possible consequences of incorporation of the theoretical performance of the judiciary as an important variable to the understanding of politics, whether as a tactic of the opposition, as an instrument of government or as arbitration of conflicting interests (TAYLOR and DA ROS, 2008). From an institutional design of the phenomenon of legalization, we sought to address the theoretical potential of incorporation of the judiciary as a non-negligible political actor in the political game, especially for theoretical models of legislative studies.
Keywords: Judicialization of politics. Political strategy. Neo-institutionalism. Legislative Studies. Judicial Review.
Referências
ARANTES, Rogério Bastos. (2002) Ministério Público e política no Brasil.São Paulo: Sumaré.
ARAÚJO, Gisele Silva. (2004) Participação através do Direito: a judiciali-zação da política. Comunicação para o VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, Coimbra.
ARNOLD, R. Douglas. (1990) The Logic of Congressional Action. New Haven: Yale University Press.
CARVALHO, Ernani Rodrigues de. (2004) Em busca da judicialização da política no Brasil: apontamentos para uma nova abordagem.Revista de Sociologia e Política, nº 23, p. 115-126.
CITTADINO, Gisele. (2000) Pluralismo, direito e justiça distributiva. Elementos da filosofia constitucional contemporânea. Rio de Janeiro, Lumen Juris.
DOTAN, Yoav; HOFNUNG, Menachem. (2005) Legal Defeats – Political Wins: Why do Elected Representatives Go to Court? Comparative Politi-cal Studies, vol. 38, nº 1, p. 75-103.
GARAPON, Antoine. (1999) O juiz e a democracia: o guardião das pro-messas. Rio de Janeiro: Revan.
HALL, Peter A. & TAYLOR, Rosemay C. R. (2003) As três versões do neo--institucionalismo.Lua Nova, nº 58, p. 193-223.
MACIEL, Débora Alves; KOERNER, Andrei. (2002) Sentidos da judiciali-zação da política: duas análises. Lua Nova, nº 57, p.113-133.
MARCH, James G. & OLSEN, Johan P. (2008) Neo-institucionalismo: fatores organizacionais na vida política. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, vol. 16, nº 31, p. 121-142.
MORAES, Alexandre de. (2008) Direito Constitucional. São Paulo: Atlas.
OLIVEIRA, Vanessa Elias de. (2005) Judiciário e Privatizações no Brasil: existe uma judicialização da política? DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol. 48, nº 3, p. 559-587.
ROTHSETEIN, Bo. Political Institutions: an overview, in: GOODIN, r. & KLINGEMANN, H. D. (Eds) A New Hanbook of Political Science. Oxford, New York: Oxford University Press.
RIOS-FIGUEROA, Julio; NAVIA, Patrício. (2005) The Constitutional Ad-judication Mosaic of Latin America. Comparative Political Studies, vol. 38, nº 2, p. 189-217.
SHEPSLE, K. & WEINGAST, B. (Eds.) (1995) Positive Theories of Con-gressional Institutions. Michigan: The University of Michigan Press.
TAYLOR, Mathhew M.; DA ROS, Luciano. (2008) Os Partidos dentro e fora do poder: a judicialização como resultado contingente da estraté-gia política.
DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol. 51, nº 4, p. 825-864.
TAYLOR, Matthew M.; RÍOS-FIGUEROA, Julio (2006) Institutional De-terminants of the Judicialisation of Policy in Brazil and Mexico. Journal of Latin American Studies, vol. 38, nº 4, p. 739-766.
TATE, C. e VALINDER, Torbjorn. (1995) The Global Expansion of Judi-cial Power. New York: New York University Press.
VIANNA, Luiz Werneck. Poder Judiciário, “Positivação do Direito Natu-ral” e Política. (1996) Estudos Históricos, Rio de Janeiro, nº 18.
VIANNA, Luiz Werneck et allii. (1999) A judicialização da política e das relações sociais no Brasil. Rio de Janeiro: Revan.
VIANNA, Luiz Werneck (org). (2002) A democracia e os três poderes no Brasil. Belo Horizonte: Editora UFMG.
VIANNA, Luiz Werneck; BURGOS, Marcelo Baumann; SALLES, Paula Mar-tins. (2007) Dezessete anos de judicialização da política.Tempo Social – Re-vista de Sociologia da USP, v. 19, nº 2, p. 39-85.
WEINGAST, Barry R. Political Institutions: rational choice perspectives,in: GOODIN, r. & KLINGEMANN, H. D. (Eds) A New Hanbook of Political Science. Oxford, New York: Oxford University Press.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Revista do Centro Acadêmico Afonso Pena

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.