Escrever a dor
Marguerite Duras e a escrita literária de si
DOI:
https://doi.org/10.17851/2238-3824.26.1.163-176Palavras-chave:
Marguerite Duras, escrita de si, literatura de testemunho, diáriosResumo
A escritora Marguerite Duras (1914-1996) publicou, em 1985, A dor, livro que reúne uma série de textos elaborados a partir de anotações em cadernos e diários, incluindo texto homônimo ao livro. Nessa narrativa em específico, é possível reconhecer uma forte carga autobiográfica no relato da espera pelo marido feito prisioneiro durante a Segunda Guerra Mundial. Tal acontecimento acometeu justamente a escritora na década de 1940, quando seu marido naquela época, Robert Antelme, fora levado pelas forças alemãs a campos de trabalho forçado e de extermínio. Posteriormente, os textos originais, isto é, os próprios cadernos de Duras, foram organizados e publicados em novo livro, intitulado Cadernos de guerra e outros textos, algo que possibilitou uma nova abordagem à sua leitura. Sendo assim, e tendo em vista essa última publicação em que constam os diários da escritora – algo que nos permite comparar um texto a partir de suportes distintos –, a intenção desse artigo é explorar os caminhos percorridos por Duras entre a versão registrada em seus diários e a versão publicada em livro. O objetivo principal é investigar como a ideia de escrita de si passa a ganhar ressignificações quando confrontada com um novo processo de ficcionalização e publicação da escrita autobiográfica, o qual chamaremos, enfim, de escrita literária de si. Para tanto, utilizaremos os estudos de Michel Foucault e Jacques Derrida para um embasamento teórico mais aprofundado sobre as noções que regem tal processo de escrita (e reescrita) de uma experiência pessoal.
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Referências
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