Materialidade dos textos

colecionismo, encadernação e literatura (sécs. XVII-XIX)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2238-3824.2024.55560

Palavras-chave:

classificação dos textos, literatura e biblioteca, colecionismo, transmissão literária, miscelâneas, encadernação

Resumo

Habituada ao sistema moderno de classificação dos textos, que se consolida entre os séculos XVII e XIX com a progressiva normatização dos códigos bibliográficos e individualização do volume que dá forma ao livro, a história da transmissão dos textos acaba por se esquivar da maneira como as transformações próprias da sua organização e atribuição incidem nos seus processos de criação e circulação. Além de trazer uma síntese dos modos como as práticas bibliográficas de classificação se relacionam diretamente com os critérios de produção da própria ficção, seja sob a forma das Belas Letras seja sob a chancela daquilo que viria a ser a literatura, o artigo investiga o impacto da materialidade sobre o estatuto simbólico dos textos. A análise é dividida em duas partes: a primeira explora uma transição crucial iniciada em meados do século XVII, que passou de um sistema em que miscelâneas e compilações de textos organizados pelos leitores dominavam, para uma estrutura bibliográfica baseada em volumes de autor único, com uma associação clara entre autor, título e volume; na segunda parte, já no século XIX, examina-se como a literatura, com o triunfo do romance, dos nacionalismos e da figura do autor, se manifesta na superfície dos livros, tanto no mercado editorial quanto no universo do colecionismo.

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Publicado

2024-12-12

Edição

Seção

Dossiê: Materialidade dos textos e transmissão literária

Como Citar

Materialidade dos textos: colecionismo, encadernação e literatura (sécs. XVII-XIX). (2024). Caligrama: Revista De Estudos Românicos, 29(3), 26–45. https://doi.org/10.35699/2238-3824.2024.55560