Xirú e “Abaporu” de Damián Cabrera

configurações do “comum” da comunidade

Autor/innen

  • Débora Cota Universidade Federal da Integração Latino-Americana

DOI:

https://doi.org/10.17851/2238-3824.28.1.160-176

Schlagworte:

Damián Cabrera, comum, translinguismo, antropofagia

Abstract

O estudo discute o “comum” (ESPOSITO, 2012; NANCY, 2000) a partir do livro Xirú e do conto “Aboporu” de Damián Cabrera, autor cuja escrita encontra-se pautada nas relações Brasil-Paraguai. Nestas obras estão colocadas em evidência a crise de uma concepção essencialista de comunidade, dada e/ou determinada previamente e o distanciamento do “paradigma moderno imunitário” (ESPOSITO, 2012) que se impõe contra qualquer convivência ou contágio que afete a pretensa pureza da comunidade. Sendo a língua um elemento inerente ao pensamento comunitário, parte-se, também, de certa perspectiva “translingue” (MELLO & ANDRADE, 2019) utilizada pelo autor e que expõe os contatos entre as línguas e as interferências como continuum naturais, transitórios, imprevistos que se articulam nas relações entre estas culturas e não como substâncias dadas previamente.Não menos importante, neste sentido, é a antropofagia manifesta no conto “Abaporu”, uma antropofagia nada ufanista pois, como a perspectiva “translingue” que manifesta Xirú, não é identitária e sim, como têm apontado as leituras contemporâneas que dela fazem Alexandre Nodari (2011), Florencia Garramuño (2019) e Eduardo Sterzi (2017), uma antropofagia como experimentação da diversidade, e com ênfase em uma posição relacional. Desse modo, o “comum” nestas obras se constitui como aquilo que não é próprio à comunidade, como substâncias que se compartilham, mas como laço relacional.

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Literaturhinweise

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Veröffentlicht

2024-08-04

Zitationsvorschlag

Cota, D. (2024). Xirú e “Abaporu” de Damián Cabrera: configurações do “comum” da comunidade. Caligrama: Revista De Estudos Românicos, 28(1), 160–176. https://doi.org/10.17851/2238-3824.28.1.160-176