Fonologia cognitiva e variação linguística
em busca de um modelo fonológico descritivo
DOI:
https://doi.org/10.17851/2238-3824.27.1.16-37Keywords:
variação linguística, sistemas adaptativos complexos, fonologia cognitiva, conjuntos radiaisAbstract
Alguns estudos já sugeriram (cf. CAMAZINE et al., 2001; CAPRA, 2007; FRANK, 2007; CORBALLIS, 2011; DI SCIULLO, 2011; ELLIS & LARSEN-FREEMAN, 2009; SINHA, 2009; TURNER, 2008) que as línguas naturais, enquanto sistemas adaptativos complexos de caráter dissipativo, estão inevitavelmente sujeitas à retroalimentação positiva, o que causa um desequilíbrio temporário no sistema, desequilíbrio esse que se manifesta na variação linguística. O desequilíbrio em questão tende a se propagar, num primeiro momento, sob o controle de atratores não periódicos, até que, sob o controle desses mesmos atratores, esse desequilíbrio se resolve e o sistema linguístico se auto-organiza, retomando sua estabilidade sob o efeito de uma retroalimentação negativa. Além disso, também se propôs que a atuação dos atratores não periódicos tem precedência sobre a atuação dos atratores periódicos, o que sustenta a proposta de que a análise da variação linguística deva considerar os aspectos etológicos e ecológicos da questão. A questão à qual me remeto agora é: qual seria o modelo descritivo ideal para incorporar essa natureza ecológica e etológica da variação linguística? Argumenta-se aqui que um modelo fonológico de natureza cognitiva é o que melhor se presta à proposta de um paradigma descritivo adequado à análise da variação linguística. Esta proposta implica (i) no rompimento com o paradigma chomskyano, sustentado por um compromisso com a modularidade, o inatismo e a crença na independência da estrutura linguística de outros processos cognitivos, e (ii) na adoção da proposta dos conjuntos radiais, de Lakoff (1987), para a formulação de um modelo fonológico descritivo ideal.
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