Narrações-munições: sinais da memória violenta nos contos testemunhais de Reinaldo Arenas
DOI:
https://doi.org/10.17851/2238-3824.23.2.165-182Palabras clave:
Reinaldo Arenas, narrações-munições, testemunho.Resumen
Neste artigo analisamos a presença autoral de Reinaldo Arenas em suas narrativas breves exponencialmente autobiográficas, procurando, nessas vivências, singulares batalhas e desacordos com o Estado cubano revolucionário e o espaço afetivo coercitivo de sua escrita. O confronto das interpretações e as leituras da realidade do escritor dissidente com a história oficial podem-nos ajudar a identificar descrições ocultas na narrativa dos textos breves memoriais de Reinaldo Arenas e, consequentemente, a revelar alguns importantes conteúdos histórico-políticos e autoficcionais inseridos nos citados relatos. Desta maneira, os contos funcionam como narrações-munições, isto é, gestos literários que se revelam como ações simbólicas de resistência e de denúncia do sistema totalitário fidelista e de seu universo filial. Explicita-se, ademais, o componente testemunhal de suas fortes narrativas observado nas características de alguns relatos pertencentes à obra Termina el desfile (1981), que contém as variadas passagens histórico-críticas assinaladas na vida de Arenas, potencializadas pela violência familiar e a pulsão sexual latente do escritor cubano.