A construção do espaço romanesco em Sous la hache, de Élémir Bourges
uma leitura à luz do cronotopo bakhtiniano
DOI :
https://doi.org/10.17851/2238-3824.28.2.156-174Mots-clés :
espaço, cronotopo, Sous la hache, romance históricoRésumé
Este artigo pretende discutir alguns aspectos da construção do espaço narrativo no romance histórico tradicional Sous la hache (1885), do escritor francês Élémir Bourges (1852–1925). Para alcançarmos tal objetivo, partimos de uma leitura atenta do texto literário sob a luz do conceito bakhtiniano de cronotopo (Bakhtin, 2014, 2018). Assim, levantamos as principais ocorrências cronotópicas, de modo a analisar como o cronotopo colabora na construção do espaço narrativo. Ou seja, analisaremos como essas ocorrências estão ligadas à representação da realidade, típica das produções do século XIX, e às características do romance histórico tradicional (Lukacs, 2011). Durante essa verificação, pudemos observar que os cronotopos do encontro, em especial o do limiar, ou soleira, engendram as forças que se enfrentam no desenrolar do enredo, revolucionárias e vendeanas. O corpo do soldado crucificado e a espera da mãe que aguarda o corpo do filho, por exemplo, representam o encontro de dois mundos em rota de colisão, duas ideologias, duas cronologias que se chocam no instante de um limiar. Dessa forma, podemos concluir que o espaço em Sous la hache constitui-se como a fonte de construção da própria narrativa, seja caracterizando o tempo e as personagens, seja antecipando ou encaminhando fatos.
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Références
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