Cadê e variantes: gramaticalização em língua portuguesa

Autori

  • Odete Pereira da Silva Menon

DOI:

https://doi.org/10.17851/2238-3824.19.2.99-130

Parole chiave:

cadê e variantes, gramaticalização, variação e mudança, história do português, cadê and variants, grammaticalization, variation and change, history of Portuguese language

Abstract

A gramaticalização da frase “Que é feito de fulano?”, passando por “Que é de fulano?” resultou em “Que é de?”, seguida da contração entre a vogal do pronome e o verbo (que é > qué) “Qu’é de?” > “Quede?”, forma contracta empregada por Sá de Miranda, nascido em 1481 (trata-se, portanto, de forma já em uso na segunda metade do século XV) . Depois, esse quede adquire acento na última sílaba, provavelmente devido ao fato de ocorrer isolado, em fim de frase, na repetição enfática, onde recebe acento frasal (de intensidade três, contra a intensidade um, de vocábulo): “Quede o chapéu? Quedê?”. Por meio da retomada anafórica “Que é feito dele?”, reduzida para “Que é dele?”, resulta outra variante: quedele. Aparentemente, a variante cadê tem tido um uso mais corrente no Brasil, o que leva muita gente a afirmar que se trata de um brasileirismo. No entanto, as outras variantes – quede / quedê ou quedele / cadele – são empregadas em diferentes partes do país e algumas delas podem ser encontradas em textos do português europeu de diferentes épocas.

The grammaticalization of the sentence “Que é feito de fulano?” became “Que é de fulano?” (“What about so-and-so?” “Where is so-and-so?”) and resulted in “Que é de?”, followed by the contraction of the pronoun’s vowel and the verb (que é > qué) “Qu’é de?” > “Quede?”, a contracted form used by Sá de Miranda, born in 1481 (it is, thus, a form currently used in the second half of the 15th century). Then, quede starts to be stressed in its last syllable, probably due to this being alone at the end of a sentence, in an emphatic repetition context, where it receives phrasal stress – whose intensity (3) is higher than that of a phonological word (1): “Quede o chapéu? Quedê?”. By the anaphora “Que é feito dele?” reduced to “Que é dele?”, which resulted in another variant: quedele. Apparently, the variant cadê has been more widely used in Brazil, what takes many people to claim it is a “brasileirismo” (a typical feature of Brazilian Portuguese). Nevertheless, the other variants – quede / quedê or quedele / cadele – are used in different parts of the country and some of them may also be found in European Portuguese texts of different centuries.

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Biografia autore

Odete Pereira da Silva Menon

Professor Titular de Linguística, Departamento de Linguística, Letras Clássicas e Vernáculas. Atualmente professora sênior (porque aposentada) do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da UFPR.

Pubblicato

2015-01-06

Come citare

Menon, O. P. da S. (2015). Cadê e variantes: gramaticalização em língua portuguesa. Caligrama: Revista De Estudos Românicos, 19(2), 99–130. https://doi.org/10.17851/2238-3824.19.2.99-130