Un ailleurs à soi e a tradução de um outro lugar

Autori

DOI:

https://doi.org/10.17851/2238-3824.29.2.97-109

Parole chiave:

Emmelie Prophète, tradução literária, diáspora queer, literatura de expressão francesa

Abstract

 De alguns anos para cá, nota-se o aumento da participação do público LGBTQIA+ nas produções culturais como um todo. Na literatura, isso é percebido não só no aumento de publicações de escritoras e escritores pertencentes a essa comunidade, mas também no crescente interesse das editoras e de profissionais da escrita em traduzir obras estrangeiras que a representem. Esse crescimento, no entanto, nem sempre corresponde à participação igualitária dessa comunidade na sociedade e muito menos à redução das violências contra esse grupo. Em muitos países de língua francesa, mesmo que os direitos reservados à população LGBTQIA+ sejam assegurados pelas vias legais, não é raro que o desejo por uma vida em outro lugar apareça como um caminho rumo à liberdade. O presente artigo propõe reflexões acerca das escolhas tradutórias de um romance que tematiza tal desejo: Un ailleurs à soi, da escritora haitiana Emmelie Prophète. Publicado em 2018, o romance apresenta o relacionamento amoroso entre duas mulheres em Porto Príncipe e o desejo quase generalizado de seus habitantes pela diáspora. Aqui, é apresentado o papel que a escrita de mulheres e a tradução feminista podem desempenhar para a ruptura dos silêncios que circundam mulheres que amam mulheres em realidades opressoras. Considerando o aumento de obras que centralizam a realidade de grupos sócio-historicamente excluídos, acredita-se que a tradução e discussão de tal romance no contexto brasileiro atual possam contribuir para a participação da comunidade LGBTQIA+ na sociedade, auxiliando no aumento da visibilidade e da inclusão da comunidade.

Downloads

I dati di download non sono ancora disponibili.

Biografia autore

Lígia Medina, Université de Montréal (UdeM) | Montreal | QC | CA

Graduada em Letras francês pela Universidade Federal do Paraná e mestranda no programa de Literaturas de língua francesa na Universidade de Montreal desde 2023, onde dá continuidade à sua pesquisa sobre a representação de mulheres que amam mulheres na literatura caribenha e sub-saariana.

Riferimenti bibliografici

BUTLER, Judith. Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity. New York: Routledge, Taylor & Francis Group, 2006.

CAMPBELL, Kofi Omoniyi Sylvanus. The Queer Caribbean Speaks: Interviews with Writers, Artists, and Activists. New York: Palgrave Macmillan, 2014.

CARLOS, Lígia Medina et al. Palavras que atravessam mares e oceanos: entrevista com Gisèle Pineau. Revista de Literatura, História e Memória, [s. l.], v. 19, n. 34, p. 311-335, 2024. DOI: https://doi.org/10.48075/rlhm.v19i34.32044.

CHÉHATA, Chérine. Voix et voies de l’émancipation de la femme dans le roman francophone contemporain d’Afrique noire. In: PARE, Daouda; YAOUDAM, Élisabeth (Ed.). Métamorphoses féminines : émergence et évolutions dans les littératures francophones contemporaines. Paris : Éditions des Archives contemporaines, 2018. p. 151-159.

COLLINS, Patricia Hill. Preface: On Translation and Intellectual Activism. In: CASTRO, Olga; ERGUN, Emek (Ed.). Feminist Translation Studies: Local and Transnational Perspectives. New York: Routledge, 2017. (Série Routledge Advances in Translation and Interpreting Studies). p. xi–xvi.

CORBET, Alice. Le kouraj d’être soi en Haïti. HAL open science, [s. l.], 15 set. 2013. Disponível em: https://shs.hal.science/hal-03024632/. Acesso em: 16 jul. 2024.

DIABATE, Naminata. Genealogies of Desire, Extravagance, and Radical Queerness in Frieda Ekotto’s Chuchote Pas Trop. Research in African Literatures, v. 47, n. 2, p. 46-65, Summer 2016. Disponível em: https://muse.jhu.edu/article/622195. Acesso em: 16 jul. 2024.

EKOTTO, Frieda. Frieda Ekotto : Pour une critique endogène sur les représentations visuelles et littéraires de l’identité lesbienne africaine. [Entrevista cedida a] Beti Ellerson. African Women in Cinema. [S. l.] 13 nov. 2013. Disponível em: https://africanwomenincinema.blogspot.com/2013/11/frieda-ekotto-pour-une-critique.html. Acesso em: 25 mar. 2024.

EKOTTO, Frieda. Framing Homosexual Identities in Cameroonian Literature. Tydskrif vir Letterkunde, [s. l.], v. 53, n. 1, p. 128–137, 1 abr. 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.4314/tvl.v.53i1.8.

FACCHIN, Carolina Kuhn. Do âmago: uma tradução queerizante de She called me woman: Nigeria’s queer women speak. 2021. Dissertação (Mestrado em Letras) – Setor de Ciências Humanas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2021.

FLOTOW, Luise von. Feminist Translation: Contexts, Practices and Theories. Traduction, terminologie, rédaction, v. 4, n. 2, p. 69-84, 1991. DOI: https://doi.org/10.7202/037094ar.

FORTIER, Anne-Marie. Queer diaspora. In: RICHARDSON, Diane; SEIDMAN, Steven (Ed.). Handbook of Lesbian and Gay Studies. London: Sage Publications, 2002. p. 183-197.

GLISSANT, Édouard. Le discours antillais. Paris: Gallimard, 1997.

LARGE, Sophie. Les spécificités du féminisme lesbien décolonial caribéen au prisme de la littérature : les cas de Yolanda Arroyo Pizarro et Rita Indiana Hernández. Amerika, n. 16, 1 jul. 2017. DOI: https://doi.org/10.4000/amerika.8106.

MAP of Countries that Criminalise LGBT People. Human Dignity Trust, Londres, c2024. Disponível em: https://www.humandignitytrust.org/lgbt-the-law/map-of-criminalisation/?type_filter_submitted=&type_filter%5B%5D=death_pen_applies. Acesso em: 20 abr. 2024.

PROPHÈTE, Emmelie. Un ailleurs à soi. Montréal, QC: Mémoire d’encrier, 2018.

SPURLIN, William. Queering Translation: Rethinking Gender and Sexual Politics in the Spaces Between Languages and Cultures. In: EPSTEIN, B. J.; GILLETT, Robert (Ed.). Queer in translation. New York: Routledge, Taylor & Francis Group, 2017. (Série Routledge Advances in Translation and Interpreting Studies). p. 172-183.

MÉMOIRE d’Encrier. Maison d’édition fondée en 2003, c2024. Disponível em: https://memoiredencrier.com/. Acesso em: 20 abr. 2024.

VALENS, Keja. Desire between Women in Caribbean Literature. Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2013.

VENUTI, Lawrence. The Translator’s Invisibility: a History of Translation. 3. ed. New York: Routledge, 2017.

WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. Tradução: Bia Nunes De Souza. Rio de Janeiro: Tordesilhas, 2014.

Pubblicato

2024-08-27

Come citare

Medina, L. (2024). Un ailleurs à soi e a tradução de um outro lugar. Caligrama: Revista De Estudos Românicos, 29(2), 97–109. https://doi.org/10.17851/2238-3824.29.2.97-109