Fanny Owen, de Agustina Bessa-Luís, como romance de leitura
DOI:
https://doi.org/10.17851/2359-0076.42.68.123-137Palavras-chave:
Fanny Owen, Agustina Bessa-Luís, romance de leitura, leitura, leitorResumo
Neste artigo, analisamos o romance Fanny Owen (1992), de Agustina Bessa-Luís, a partir do conceito de romance de leitura. A expressão “romance de leitura” (Lektüreroman) foi cunhada pelo teórico alemão Volker Roloff. Grosso modo, é o romance que tem por tema a leitura – “roman sur lê theme de la lecture”. Trata-se, portanto, do romance em que os personagens se deixam envolver pela leitura de obras ficcionais a ponto de terem suas condutas ou seus caracteres alterados, ou mesmo a ponto de se tornarem mais e mais dependentes da ficção e, desta forma, menos propensos a se adaptar à realidade. Fanny Owen dá tratamento ficcional a fatos biográficos relativos a personalidades históricas, principalmente o escritor Camilo Castelo Branco, seu amigo José Augusto Pinto de Magalhães e a Fanny Owen, filha do coronel britânico Hugh Owen, que havia tido um papel relativamente importante na Guerra Civil Portuguesa (1828–1834). No romance de leitura, a leitura de literatura pelos personagens aparece com destaque na trama, a ponto de ser um elemento estruturador da narrativa. Fanny Owen pode, assim, ser classificado como um romance de leitura já que os personagens principais são influenciados pela literatura romântica que leem.
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