“Um poema um romance tuga” – o desafio do género na obra de Adília Lopes / “A Poem a Romance Tuga” – The Challenge of Genre and Gender in the Work of Adília Lopes

Autor/innen

  • Nazaré Torrão Université de Genève, Genebra / Suiça

DOI:

https://doi.org/10.17851/2359-0076.39.61.161-176

Schlagwörter:

Adília Lopes, género, paródia, conceito positivo do corpo gordo, casa/mundo, genre, gender, parody, positive concept of fat body, home/world.

Abstract

Resumo: Os textos de Adília Lopes colocam um desafio ao leitor que os quiser classificar segundo o género, seja segundo o que alguns chamaram os modos literários (categorias meta-históricas) relacionados com a perspetiva do discurso – lírico? narrativo? – seja na perspetiva da visão do homem – trágico? cómico? ou tragicómico? – seja quanto aos géneros literários (como categoria histórica) – poema? crónica? diário? – ou ainda aos subgéneros: paródia? citação? Ao longo dos textos desta autora vai-se construindo uma personagem autoral e desenhando uma crónica de costumes e vivências do quotidiano citadino, de uma classe média alta lisboeta, sob uma perspetiva em que o género, no sentido de gender é essencial. Em Estar em casa, última obra da autora, publicada em 2018, o modo menor, prosaico, pouco glorioso e paródico como é visto esse quotidiano desenha uma crónica tuga (crónica, diário ou romance?) como parece subentender o verso “Um poema um romance tuga” (LOPES, 2018, p. 20) ao usar a designação pejorativa tuga por português. Esse romance tuga é criado com base nas vozes que habitam a casa e o universo familiar do eu lírico/narradora (memórias), composto não só pelo mundo que a rodeia como pelo universo de leituras que influenciam direta e indiretamente a escrita. É nesse sentido que se analisa a obra mais recente da autora, Estar em casa. A citação de vozes várias e de textos numa perspetiva antropofágica e paródica é associada à defesa de uma imagem do corpo da mulher segundo as novas perspetivas do conceito positivo do corpo gordo.

Palavras-chave: Adília Lopes; género; paródia; conceito positivo do corpo gordo; casa/mundo.

Abstract: The texts of Adília Lopes pose a challenge to the reader who wants to classify them according to the genre, according to what some have called the literary modes (meta-historical categories) related to the perspective of the discourse – lyric? narrative? – whether from the perspective of man’s vision – tragic? comic? or tragicomic? – as for literary genres (as historical category) – poem? chronic daily? – or to subgenera: parody? quote? Throughout the author’s texts, an authorial character is constructed and a chronicle of customs and experiences of the daily life of a city of Lisbon, from a middle-class, under a perspective in which gender, is essential. In Estar em Casa, the last work of the author, published in 2018, the minor, prosaic, little glorious and parodic mode as seen in this everyday life draws a chronic tuga (chronicle, diary or novel?) As seems to imply the verse “A poem a romance tuga“, when using the pejorative designation tuga, by Portuguese. This tuga novel is created based on the voices that inhabit the home and the familiar universe of the lyrical / story teller (memories), composed not only by the world around it but also by the universe of readings that directly and indirectly influence writing. It is in this sense that the most recent work of the author, Estar em casa, is analyzed. The quote of various voices in an anthropophagic and parodic perspectives is associated with the defense of an image of the woman’s body, according to the new perspectives of the positive concept of the fat body.

Keywords: Adília Lopes; genre; gender; parody; positive concept of fat body; home/world.

Veröffentlicht

2019-08-26

Ausgabe

Rubrik

Dossiê Escritoras Portuguesas de Agora

Zitationsvorschlag

“Um poema um romance tuga” – o desafio do género na obra de Adília Lopes / “A Poem a Romance Tuga” – The Challenge of Genre and Gender in the Work of Adília Lopes. (2019). Revista Do Centro De Estudos Portugueses, 39(61), 161-176. https://doi.org/10.17851/2359-0076.39.61.161-176