Vozes que se transformam em lápis — um pensar sobre Não é meia noite quem quer, de António Lobo Antunes
DOI:
https://doi.org/10.17851/2359-0076.42.67.317-332Schlagworte:
romance contemporâneo, Lobo Antunes, memória, escrituraAbstract
Este ensaio busca mostrar como Lobo Antunes conduz a escritura da memória de uma família em Não é meia noite quem quer. A personagem-enunciadora que tenta reconstruir os fatos passados escreve ao desamparo, sem reconhecer direito os seres e os objetos e sem ser reconhecida por eles, resultando assim em reiterações, fragmentações, interrupções, tornando o relato claudicante, repetitivo. As vozes falam e silenciam incessantemente, mas não sabem o que dizem, não conseguem afirmar. Assim, mais uma vez, o romance de Lobo Antunes nos leva a um espaço ficcional em que chegadas, despedidas, partidas se confundem e nos confundem, configurando-se como narrativa do indecidível.
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Literaturhinweise
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