O retrato diluído no drama poético O marinheiro, de Fernando Pessoa
DOI:
https://doi.org/10.17851/2359-0076.44.71.73-84Schlagworte:
Fernando Pessoa, drama poético, teoria do drama, retratosAbstract
Este trabalho objetiva analisar os procedimentos responsáveis por tecer um plano lírico na peça O marinheiro, de Fernando Pessoa, de modo a nublar as fronteiras entre os gêneros lírico e dramático. A partir disso, buscou-se demonstrar como o autor constrói um drama poético que expõe uma profunda fragmentação do sujeito e aponta para a insuficiência representacional da linguagem mediante uma composição que opera uma desreferencialização em que o mundo, o sujeito e o outro são representados de forma vaga e elusiva. Assim, no drama pessoano, o “ser” é vincado pela incerteza e pela despersonalização. Dessa forma, procura-se analisar como a peça questiona a possibilidade de traçar retratos figurativos empregando-se uma linguagem que ultrapassa o tangível das categorizações e que se liquefaz ao tentar representar um “eu” multifacetado.
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