Poema-mundo: corpo-poema
DOI:
https://doi.org/10.17851/2359-0076.34.52.55-75Palabras clave:
Poema, mundo, corpo, linguagemResumen
Entre os poemas de Herberto Helder em que há uma certa ênfase à relação entre as noções de mundo, de corpo e de linguagem, merece destaque Do mundo (2006), publicado pela primeira vez em 1978. Nele, há referências tanto a um mundo em gênese e formação quanto a um corpo orgânico que se move em seus processos de metamorfose. Todavia, tais imagens são produtos de uma construção que se dá por referências inconcretas. Estas, por sua vez, no devir de uma linguagem que irradia significações, enfeixam-se em um movimento de convergência que resulta em imagens como: o “corpo-poema”, ou o “poema-corpo”, e o “mundo-poema”, ou o “poema/mundo”; ou ainda o corpo-mundo-poema. Tais blocos de imagens materializam-se na poesia de Herberto Helder pelos processos de fusões, transmutações e de metamorfoses porque passam a linguagem, o que ocorre na mesma medida em que as palavras tornam-se coisa, corpo, mundo; corpo-mundo naquilo que esses espaços possuem de afinidade, como reitera Maffei: “Um profundo vitalismo, assim, faz a ‘imagem’ possuir características de corpos vivos e do próprio universo, por sua vez também um corpo vivo.”1 Apesar da existência de uma comunicação intensa entre essas imagens nas duas obras, daremos ênfase, neste artigo, à leitura de Do mundo e sua relação com o espaço que lhe é homônimo com a palavra poética, já que, como é sugerido pelo próprio título, esse poema confere um tratamento especial à relação entre nome e coisa, palavra e realidade, linguagem e mundo.
Among Herberto Helder’s poems that have emphasis in relation between the notions of world, body and language, the book Do mundo (2006), first published in 1978, deserves our attention. In this book, we could find references such in a world in genesis and formation as to a organic body that moves in their metamorphoses processes. However, these images are products of a construction that is not given by concrete references. These, in turn, in devir of a language that radiate meanings, reunites in a convergence movement that results in images such as: “body-poem”, or “poem-body”, and the “world-poem” or the “poem/ world”; or the body-world-poem. Such image blocks are materialized in the poetry of Herbert Helder by mergers process, transmutations and metamorphosis because they transpose the language, which occurs to the same extent that the words become thing, body, world; body-world in which these spaces have affinity, as Maffei reiterates: “A deep vitalism, thus, makes the ‘image’ possess characteristics of living bodies and the universe, itself, turns also a living body”. Despite the existence of an intense communication between these images in both works, we will emphasize, in this article, the reading of Do Mundo and its relation with the namesake space with the poetic word, remembering, as suggested by the title itself, this poem gives special treatment to the relation between name and thing, word and reality, language and world.