A crítica ao sistema judiciário e carcerário a partir de algumas personagens femininas de Memórias do cárcere, de Camilo Castelo Branco
DOI:
https://doi.org/10.17851/2359-0076.43.75.118-132Parole chiave:
Camilo Castelo Branco, século XIX, sistema judiário, prisão, personagens femininasAbstract
Este artigo desenvolve a leitura de alguns capítulos de Memórias do cárcere (1862), de Camilo Castelo Branco, a partir da análise de algumas das personagens femininas retratadas no contexto do sistema judiciário e carcerário português do século XIX, a fim de refletir sobre a crítica social desenvolvida pelo narrador-autor. Para isso, utilizou-se, entre outros textos críticos, as pesquisas de Andreia Alves Monteiro de Castro, Crimes, realidades e ficções: a representação do criminoso na literatura e na imprensa oitocentista (2021), de Maria Cristina Pais Simon, “Criminalidade feminina em Portugal na segunda metade do século XIX: balanço e ilustrações camilianas” (2023), e de Ana Ribeiro, “O mal no feminino em Memórias do cárcere” (2016), além de estudos sobre o contexto histórico e social português no Oitocentos. Assim, observou-se a recorrência da desproporcionalidade no tratamento dispensado a personagens de classes sociais mais baixas, sobretudo as mulheres, que são vítimas de preconceitos de ordem moral, denunciados pelo narrador-autor por meio de seus comentários ao longo da narrativa. Por fim, serão feitas algumas observações acerca da realidade brasileira atual, mostrada pelos dados do 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2023), que apresenta semelhanças com a condição carcerária portuguesa daquela época.
Riferimenti bibliografici
CASTELO BRANCO, C. Memórias do cárcere. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2020.
CASTRO, A. A. M. de. Crimes, realidades e ficções: a representação do criminoso na literatura e na imprensa oitocentista. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2021.
FERREIRA, A. M. Memórias do Cárcere, de Camilo Castelo Branco: a arte de deambular. In: BRAGA, J. P.; OLIVEIRA, J. M. de; SOUSA, S. G. de (Org.). Encontros camilianos. Vila Nova de Famalicão: Casa de Camilo – Centro de Estudos, 2019. v. 4, p. 43-64.
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2023. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2023/07/anuario-2023.pdf. Acesso em: 11 ago. 2024.
GAMA, P. C. N. da. A desigualdade penal e a jurisdição na nova democracia brasileira. 2010. 123 f. Dissertação (Mestrado em Direito) – Departamento de Direito, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=17833@1. Acesso em: 01 ago. 2024.
HOBSBAWM, E. A era do capital: 1848-1875. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
PIRES, M. da N.; REIS, C. História crítica da literatura portuguesa: o romantismo. Lisboa: Verbo, 1993. v. 5.
RIBEIRO, A. O mal no feminino em Memórias do Cárcere: a fatal Benedita. In: SOUSA, S. G. de; BRAGA, J. P. (Org). Ficções do mal em Camilo Castelo Branco. Vila Nova de Famalicão: Casa de Camilo – Centro de Estudos, 2016. p. 67-87.
SIMON, M. C. P. Criminalidade feminina em Portugal na segunda metade do século XIX: balanço e ilustrações camilianas. Olho d’água, São José do Rio Preto, v. 15, n. 1, p. 88-112, Jan.-Jun. 2023. Disponível em: https://doi.org/10.29327/2193714.15.1-6. Acesso em: 20 jul. 2024.



