Viagens, memória, coleção e arquivos na narrativa de Murilo Rubião
DOI:
https://doi.org/10.17851/2359-0076.20.27.109-122Abstract
Na geografia da ficção muriliana opõe-se a serra ao mar. Os personagens são ex-marinheiros ou descendentes de marinheiros. A nostalgia do mar é pelo passado de ação e bravura. No presente da narrativa, habitam cidadezinhas do interior. Deslocam-se para a cidade grande ou esperam pelos seus representantes, que vêm civilizá-los. O navio foi substituído pelo trem, representando cada um uma etapa da história do capitalismo: a expansão ibérica e a inglesa. Narrase aí a aventura colonial. A escrita fantástica revela os espectros da aventura da modernidade, que vagueiam entre o passado e o presente. As camadas mais remotas da memória dessa aventura são as das cidades pequenas, as mais recentes, as da cidade grande. Confrontam-se modos diferentes de produção e sobrevivência. A má fé do personagem narrador denuncia a sua cumplicidade com os jogos do poder.
In murileon’s fiction geography, the mountain is opposed to the sea. The characteres are former sailors or sailors descendents. The nostalgia for the sea relates to the action and bravery of the past. In the narrative’s present, they dwell in country little towns. They move to the big cities or they wait for its representatives to come and civilize them. The train was substituted for the ship, each one representing one step in capitalism history: the Iberian and British expansion. The narration of the colonial adventure takes place. The fantastic writing reveals the ghosts of the modernity adventure, who wander between past and present. The most remote layers of the memory of this adventure are the ones of the little towns, and the most recent, the ones of the big cities. Different ways of production are confronted with different ways of survival. The narrator’s bad faith denounces his complicity in power games.