O discurso da contradição em Machado de Assis
DOI:
https://doi.org/10.17851/2359-0076.19.25.9-19Resumo
Este ensaio pretende mostrar como Machado de Assis, embora historicamente incluído no Realismo, desconstrói as mais importantes convenções literárias adotadas pelos autores desse período: a causalidade e a teleologia da narrativa, a objetividade e a neutralidade dos relatos, o cientificismo do discurso são constantemente desacreditados pela sagaz ironia de seus narradores. Rasurando fronteiras e desmascarando os modos de representação realista, as narrativas de Machado de Assis questionam a oposição entre alguns conceitos como realidade e ficção, verdade e fantasia, contexto social e imaginário, razão e loucura. A ambigüidade e a contradição que emergem de seus textos instalam a suspeita na mente de seus leitores e os obrigam a reconstruírem constantemente sua visão de mundo. Assim, Machado de Assis problematiza a ilusão referencial, o que confere à sua obra uma excepcional contemporaneidade.
This paper attempts to show how Machado de Assis, although historically included in Realism, deconstructs the most important literary conventions adopted by the authors of that period: the narrative causality and teleology, the objectivity and neutrality of the accounts, the scientism of the speech are constantly discredited by the sagacious irony of his narrators. By erasing boundaries and unmasking the realistic modes of representation, Machado de Assis’ narratives discuss the opposition between some concepts like reality and fiction, truth and fantasy, social context and imaginary, reason and madness. The ambiguity and contradiction that come up out his texts install the suspicion in the readers mind and compel them often to rebuild their vision of the world. So, Machado de Assis problematizes the referential delusion, what gives his work a exceptional contemporaneity.