CONHECER AS CORES SEM NUNCA TÊ-LAS VISTO

TO KNOW THE COLORS WITHOUT EVER HAVING SEEN THEM

Autores

  • Cristina Bianchi Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
  • Kim Ramos Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
  • Maria da Conceição Barbosa-Lima Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

DOI:

https://doi.org/10.1590/1983-21172016180108%20

Palavras-chave:

Cegos totais de nascimento; Cores; Aprendizado multissensorial.

Resumo

Ensinar cores a cegos de nascimento é um desafio para professores de física, porém insistimos em fazê-lo. Propomos levar em consideração que todos os sentidos são mobilizados no processo de aprendizagem, sendo assim, multissensorial. O sentido da visão, em nosso caso de estudo, será substituído por outros. Considerando que a formação de conceitos é um processo sociolinguístico, avaliamos e averiguamos o conteúdo imagético do conceito de cores em um teste de associação livre com estudantes cegos e videntes. Concluímos que tais conceitos não dependem exclusivamente do visual; outras associações estão envolvidas na sua construção, embora saibamos que nenhum outro sentido fará um cego perceber visualmente as cores. Assim, é possível uma concepção segundo a qual o ensino de cores a alunos cegos deixe de ser um desafio intransponível.

Teaching colors to blind students has been a challenge for physics teachers. However, we insist on trying to do so, considering that all senses are mobilized in the learning process and that concept formation is a sociolinguistic process. In this manner, the sense of sight, lacking in our case study, can be replaced by others in multisensorial learning. We evaluated imagistic content about the color concept and ascertained its multisensory origin in a free association test with blind and sighted students. Although any other sense could ever make a blind person visually perceive colors, we conclude that the concept of color depends not only on the sense of sight, and that other associations are involved in their significance construction. Thus, it is possible that teaching colors to blind students can stop being such an unbeatable challenge.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BARBOSA-LIMA, M. C.; CATARINO, G. F. C. Formação de professores de Física inclusivistas: interdisciplinaridade por si. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS - ENPEC, 9., 2013, Águas de Lindóia. Atas IX ENPEC,: Águas de Lindóia, 2013, p. 01-08. [ Links ]

BERLIM, R. Jonas e as cores. São Paulo: Peirópolis, 2007. [ Links ]

BIANCHI, C. S.; BARBOSA-LIMA, M. C. A. Concepções de licenciandos em Física e a inclusão de deficientes visuais: a urgência de um novo paradigma com enfoque em CTS. In: ENECIÊNCIAS, 4., 2014, Niterói. Digita, Niterói: Universidade Federal Fluminense: 2014. [ Links ]

BRASIL. Decreto nº 5.296. Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Presidência da República. Casa Civil. 2004 [ Links ]

CAMARGO, E. P. A comunicação como barreira à inclusão de alunos com deficiência visual em aulas de Mecânica. Ciência & Educação, Bauru-SP, v. 16, n. 1, p. 259-275, 2010. [ Links ]

CAMARGO, E. P. Saberes docentes para a inclusão do aluno com deficiência visual em aulas de Física. São Paulo: Editora UNESP, 2012. [ Links ]

CORNOLDI, C.; VECCHI, T. Cécité précoce et images mentales spatiales. In: HATWELL, Y; STRERI A.; GENTAZ, E. Toucher pour connaître: psycologie cognitive de la perception tactile manuelle. Paris: Ed. PUF, 2000. [ Links ]

DANIEL, M; DAVID, D. Expérience tactile et capacités d'imagerie mentale des aveugles congénitaux. Bulletin de psychologie, Paris, Tomo 59 v. 2, n. 482, p. 159-172, mar.-apr. 2006. [ Links ]

DRIVER, R.; ASOKO, H.; LEACH, J.; SCOTT, P.; MORTIMER, E. Constructing scientific knowledge in the classroom. Educational Researcher, v. 23, n. 5, p. 5-12, 1994. [ Links ]

DUIT, R. The constructivist view in science education: what it has to offer and what should not be expected from it. Investigações em Ensino de Ciências, Porto Alegre, v. 1, n.1, p. 40-75, 1996. [ Links ]

FIOLHAIS, C. Os primeiros raios invisíveis. 2015. Disponível em: <http://ail2015.org/index.php/2015/08/11/os-primeiros-raios-invisiveis/> . Acesso em: 2 abr. 2016. [ Links ]

GOLLER, A. I.; OTTEN, L. J.; WARD, J. Seeing sounds and hearing colors: an event-related potential study of auditory-visual synesthesia. Journal of Cognitive Neuroscience, Norwich, Inglaterra, v. 10, n. 21, p. 1869-1881, 2009. [ Links ]

GUERRA, A.; REIS, J. C.; BRAGA, M. Uma abordagem histórico-filosófica para o eletromagnetismo no ensino médio. Cad. Bras. Ens. Física, Florianópolis, v. 21, n. 2, p. 224-248, 2004. [ Links ]

HARDIN, C. L. Color for philosophers: unweaving the rainbow. Indianopolis: Hacket, 1988. [ Links ]

HILBERT, D. R. Color and color perception: a study in anthropocentric realism. Stanford: CSLI, 1987. [ Links ]

LURIA, A. R. Diferenças culturais de pensamento. In: VIGOTSKI, L. S.; LURIA, A. R; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 10. ed. São Paulo: Ícone, 2006. [ Links ]

MAURI, T. O que faz com que o aluno e a aluna aprendam os conteúdos escolares? In: COLL, C. et al. O construtivismo em sala de aula. São Paulo: Editora Ática, 2006. p. 79-122 [ Links ]

MATSUSHIMA, E. H. A questão ontológica da percepção da cor. Paideia, Ribeirão Preto, v. 11, n. 20, p. 59-66, 2001. [ Links ]

MERTEN, T. O teste de associação de palavras na psicologia e na psiquiatria: história, método e resultados. Análise Psicológica, Lisboa, v. 4, n. 10, p. 531-541, 1992. [ Links ]

MOLINA, L. Posso ensinar cores a uma pessoa cega? Guia Inclusivo. Setembro de 2013. Em: <http://www.guiainclusivo.com.br/2013/09/posso-ensinar-cores-uma-pessoa-cega/>. Acesso em: 15 out. 2014. [ Links ]

SANDOVAL, J. D.; SANDOVAL, J. J. S. A sensação de cor: um problema da Física? Algumas experiências para sala de aula. Cad. Cat. Ens. Física, Florianópolis v. 7, n.3, p. 183-195, 1990. [ Links ]

SARTRE, J. P. A imaginação. Porto Alegre: L&PM, 2013. [ Links ]

SAVAGE, C. W. In defense of color psychophysicalism. Consciousness and Cognition, Atlanta EUA, n. 10, p. 125-132, 2001. [ Links ]

SHEPARD, R. N.; COOPER, L. A. Representation of colors in the blind, color-blind, and normally sighted. Psychological Science, Chicago, EUA, n. 3, p. 97-104, 1992. [ Links ]

SOLER, M. A. Didáctica multissensorial de las ciencias: un nuevo método para alumnos ciegos, deficientes visuales, y también sin problemas de visión. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica, 1999. [ Links ]

VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. [ Links ]

VIGOTSKI, L. S. El niño ciego. In: VIGOTSKI, L. S. Fundamentos de defectología. Tomo V. Madrid: Visor, 1997. [ Links ]

VIGOTSKI, L. S. Pensamento e linguagem. Edição eletrônica: Ed. Ridendo Castigat Meres, 2001. Disponível em: <http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/vigo.html>. Acesso em: 16 out. 2014. [ Links ]

Downloads

Publicado

2016-04-12 — Atualizado em 2021-04-28

Edição

Seção

RELATOS DE PESQUISAS / RESEARCH REPORTS