Cidade hostil
DOI:
https://doi.org/10.35699/2237-549X.2019.19738Palavras-chave:
Arquitetura hostil, Violência urbana, Bairro EspinheiroResumo
A exposição diária ao medo da violência e a busca de privacidade têm contribuído para o processo de segregação urbana. Intensificam-se, no Brasil, soluções individuais para problemas coletivos. Pela literatura, observamos que a desertificação do espaço urbano é um dos fatores-chave da percepção da sensação de insegurança, pois o espaço perde a atratividade e pessoas atraem pessoas, o que gera a tão desejada vitalidade urbana. Quando a arquitetura se reveste de formas limitadoras – visuais, físicas e sociais – essa arquitetura é hostil. O objetivo desse artigo é discutir como a arquitetura hostil tem se instituído como elemento ativo na retroalimentação da percepção da sensação de insegurança urbana, na medida em que limita e condiciona a experiência do espaço urbano entre iguais e produz “extramuros”, espaços áridos, impermeáveis, desproporcionais à escala humana. Para pesquisa foi estudado o bairro do Espinheiro, na cidade do Recife, pois foi o bairro que mais verticalizou na cidade dentro do recorte de estudo, sendo modificador do padrão da habitação e da forma de habitar. Percebemos que a arquitetura promovida pelo mercado imobiliário não caminha na direção estabelecer relações que acolham o indivíduo. Cada dia mais edificamos barreira no espaço urbano. Os indivíduos vêm ao longo das últimas décadas buscando uma proteção individualista, o que reflete uma perda de urbanidade, ou seja, as características inerentes da arquitetura levam para uma urbanização privatizada, centrada em homogêneos.
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