ROUSSEAU E A GRANDE PARTILHA OCIDENTAL
a ideia da exclusividade da natureza humana
Palavras-chave:
Rousseau, Lévi-Strauss, Filosofia, Antropologia, Animalidade, HumanidadeResumo
Na filosofia de Rousseau expõe-se a paulatina construção de uma ideia ocidental de humanidade: a história de como o ser humano assim denominou-se ser, bem como a história do abuso dessa denominação. Trata-se, sobretudo, da crítica sobre a construção de um mito da dignidade exclusiva da natureza humana, tema que percorre as obras de diferentes filósofos, dos modernos aos contemporâneos, dos ocidentais aos não ocidentais. O presente artigo aborda, a partir de Rousseau e em diálogo com outros autores, o “ciclo maldito” característico da modernidade, uma ideia que separa os humanos dos animais e segrega os humanos entre si. Começa-se por apartar o ser humano da natureza e constituí-lo como um ser à parte em um processo de monopolização progressiva do valor da existência: aparece em um primeiro
momento o especismo, subsequentemente a desigualdade sociopolítica, o etnocentrismo e outras formas derivadas de exclusão.
Downloads
Referências
ALBERT, Bruce. “L’Or cannibale et la chute du ciel: Une critique chamanique de l’économie politique de la nature (Yanomami, Brésil)”. L’Homme, tome 33 n°126-128. La remontée de l’Amazone, 1993. pp. 349-378.
BANDERA, M. D. “A origem da alteração e a alteração de origem: antropologias de Rousseau”. Tese (Doutorado em Filosofia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.
______. “A perfectibilidade segundo Rousseau”. Cadernos de Ética e Filosofia Política”, [S. l.], Vol. 1, Nr. 34, pp. 132-142, 2019a. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/cefp/article/view/153604. Acessado em: 5 de março de 2021.
______. “O olhar distanciado: o programa etnológico de Rousseau”. Discurso, [S. l.], Vol. 49, Nr. 2, pp. 137-153, 2019b. Disponível em https://www.revistas.usp.br/discurso/article/view/165480. (Acessado em 5 de março de 2021).
BUFFON. (1749). “Histoire naturelle”. Tome III. Paris: H. Champion, 2009.
CASTRES, Pierre. “A sociedade contra o estado”. Tradução de Theo Santiago. São Paulo: Cosac Naify, 2003.
DERRIDA, Jacques. “O animal que logo sou”. Tradução de Fábio Landa. São Paulo: Editora Unesp, 2011.
DIDEROT. “Œuvres philosophiques”. Paris: Éditions Gallimard, 2010.
INGOLD, Tim. “Editorial”. Man, New Series, v. 24, nº 7, 1992. pp. 693-696.
KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. “A queda do céu: palavras de um xamã yanomami”. Tradução Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
KRENAK, Ailton. “Ideias para adiar o fim do mundo”. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
LÉVI-STRAUSS, C. (1973). “Jean-Jacques Rousseau, fondateur des sciences de l’homme” (1962). In: Anthropologie structurale deux. Paris: Plon, 1996.
______. “Jean-Jacques Rousseau, fundador das ciências do homem”. In: Antropologia estrutural dois. Tradução de Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Cosac Naify, 2013. pp. 45-55.
______. “La pensée sauvage”. Paris: Plon, 1962.
______. (1962). “Le Totémisme aujourd’hui”. In: OEuvres. Éd. V. Debaene, F. Keck, M. Mauzé e M. Rueff. Paris: Gallimard (Col. Bibliothèque de la Pléiade), 2008.
______. “Mitológicas II: do mel às cinzas”. Tradução de Carlos Eugênio Marcondes de Moura. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
______. “Mythologiques: du miel auc cendres”. Paris: Plon, 1966.
______. “O pensamento selvagem”. Tradução de Tânia Pellegrini. Campinas: Papirus, 1989.
______. “Postface”. L’Homme, Nr. 154-155, pp. 713-720, 2000.
______. “Totemismo hoje”. Tradução de Malcom Bruce Corrie. São Paulo: Abril Cultural, 1976.
LÉVI-STRAUSS, C.; ERIBON, D. “De perto e de longe”. Tradução de Léa Mello e Julieta Leite. São Paulo: Cosac Naify, 2005.
______. “De près et de loin”. Paris: Odile Jacob, 1988.
MONTAIGNE. (1580). “Essais”. Tome II. Paris: Garnier-Flammarion, 1979.
ROUSSEAU. “Rousseau: Escritos sobre a política e as artes”. Organizado por Pedro Paulo Pimenta... [et al.]. Tradução de P. P. Pimenta, M. G. Souza, L. R. S. Fortes, F. Yasoshima, T. A. Vargas, C. B. Lourenço, I. G. Soares e M. C. R. Nagle. São Paulo:
Ubu; Ed. UnB, 2020.
______. “OEuvres Complètes de Jean-Jacques Rousseau”. Éd. B. Gagnebin et M. Raymond. Paris: Gallimard. 5 Vol. (Col. Bibliothèque de la Pléiade), 1959-1995.
SAHLINS, M. “The western illusion of human nature”. Chicago: Prickly Paradigm Press, 2008.
VIVEIROS DE CASTRO, E. “A inconstância da alma selvagem – e outros ensaios de antropologia”. São Paulo: Cosac Naify, 2002a.
______. “O nativo relativo”. Mana, Vol. 8, Nr. 1, 2002b, pp. 113-148. Disponível em https://doi.org/10.1590/S0104-93132002000100005. (Acessado em 28 de junho de 2020).
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Revista Kriterion
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.