ROUSSEAU E O CASO DA CÓRSEGA
SISTEMAS ECONÔMICOS E FORMAS DE GOVERNO
Palavras-chave:
Rousseau, Economia política, Córsega, Sistema econômicos, Filosofia política, DemocraciaResumo
A partir do envio de documentos e troca correspondências realizados entre o capitão corso Matteo Buttafoco e Rousseau, que culminará com um plano de governo para a Córsega escrito pelo filósofo, esse artigo pretende analisar uma dimensão pouco explorada da filosofia rousseauniana: a relação de conveniência que o Projeto de constituição para a Córsega estabelece entre os sistemas econômicos e as formas de governo, em especial a democracia. Para isso, conjugaremos também uma análise entre o texto final e alguns trechos dos manuscritos e cadernos de trabalho, a fim de ver como os elementos característicos da economia política moderna – como a questão da demografia populacional, do território, da agricultura, do trabalho, dentre outros – são mobilizados por Rousseau para formar a ideia de “adequada economia do poder civil”. Lendo criticamente os argumentos de Buttafoco, fundados sobre um elogio ao comércio e que tinha como inspiração a noção de “república comerciante” preconizada por Montesquieu em Do espírito das leis, Rousseau se propõe a pensar a diversidade e a coabitação de sistemas econômicos diversos, sempre em relação aos governos e as peculiaridades de um povo, ou seja, cada sistema pode ser mais ou menos conveniente a uma dada situação histórica, política e social.
Referências
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sur la musique, la langue et le théâtre. 1995). A citação seguiu o padrão internacional
de referências às obras completas de Rousseau: OC seguido do tomo, nome da obra,
número da página. Foi igualmente consultada e utilizada a seguinte edição em francês:
Rousseau (2018), Affaires de Corse. Dirigido por C. Litwin. Paris: Vrin.
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