É POSSÍVEL OUVIR O TEMPO-DURÉE?

UMA CRÍTICA AO BERGSONISMO MUSICAL

Autores

Palavras-chave:

Vladimir Jankélévitch, Gabriel Marcel, Tempo, Inefável, Durée, Gisèle Brelet

Resumo

O artigo analisa o tema da escuta musical do tempo na filosofia
de Vladimir Jankélévitch, buscando avaliar qual seja a prova fenomênica
alegada por Jankélévitch para sustentar a tese de que a escuta musical do
tempo carrega as mesmas propriedades do conceito de durée de Henri Bergson.
Concluímos que (1) as descrições temporais de Jankélévitch não são suficientes
para sustentar que a escuta musical equivale à escuta das propriedades da
durée, e que (2) esse fato implica um problema tanto para a máxima “a música
é a arte do tempo” quanto para a capacidade geral do bergsonismo, verificado
em demais autores, em fundar uma filosofia da música.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALDROVANDI, L. A. V. “A ideia de espaço na comunicação sonora: a composição

musical recente”. São Paulo: PUC-São Paulo, 2004. [Tese de doutorado].

ATKINSON, P. “Vladimir Jankélévitch, Henri Bergson, and the Emergence of a Musical

Aesthetic”. In: M. La Caze (ed.), 2019, pp. 177-196.

AYREY, C. “Jankélévitch the Obscure(d).” Music Analysis, Vol. 25, Nr. 3, 2006, pp.

-57.

BAILLET, J. “Gérard Grisey. Fondements d’une écriture”. Paris: L’Harmattan, 2000.

BERGSON, H. “Essai sur les données immédiates de la conscience”. Une collection

développée en collaboration avec la Bibliothèque Paul-Émile-Boulet de l’Université

du Québec à Chicoutimi, 2003a.

______. «La pensée et le Mouvant. Essais et conférences». Un document produit en

version numérique par Mme Marcelle Bergeron, bénévole professeure à la retraite de

l’École Dominique-Racine de Chicoutimi, Québec et collaboratrice bénévole, 2003b

.

______. «Introduction à la métaphysique». Paris: Payot & Rivages, 2013 [1903].

______. “Ensaio sobre os dados imediatos da consciência”. Tradução J. S. Gama.

Lisboa: Edições 70, 1988.

BRELET, G. “Le temps musical: essai d’une esthétique nouvelle de la musique”. Vol.

Presses Universitaires de France, 1949.

CABALLERO, C. “Fauré and French Musical Aesthetics”. Cambridge: Cambridge

University Press, 2003.

CHABANON, M.-P.-G. de. “Da música em si e em suas relações com a palavra, as

línguas, a poesia e o teatro”. In: L. Tomás, 2011, pp.17-122.

CLARKE, D., CLARKE, E. F. “Music and Consciousness: Philosophical, Psychological,

and Cultural Perspectives”. Oxford: Oxford University Press, 2011.

CSEPREGI, G. “The Relevance of Gabriel Marcel’s Musical Aesthetics”. British

Journal of Aesthetics, Vol. 54, Nr. 1, January 2014, pp. 15-29.

FAGUNDES, C. “De Musica. Diálogo filosófico de Agostinho de Hipona (354-430):

Introdução, tradução e notas”. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do

Sul, 2014. [Tese de doutorado]

FRONEMAN, W. “The desire for the ineffable: on the myth of music as absolute”.

Koers, Vol. 74, Nr. 1 & 2, 2009, pp. 1-22.

GALLOPE, M. “Technicity, Consciousness, and Musical Objects”. In: D. Clarke,

, pp, 47-63.

GALLOPE, M., KANE, B. (ed.). “Colloquy Vladimir Jankélévitch’s Philosophy of

Music”. Journal of the American Musicological Society, Vol. 65, Nr. 1, 2012, pp. 215-256.

GONTIJO, C. S. “Em busca da ipseidade musical: a música e o inefável de Vladimir

Jankélévitch”. Scripta, Vol. 21, n. 41, 2017, pp. 213-225.

______. “Vladimir Jankélévitch e a canção de Gabriel Fauré”. In: C. S. Gontijo (ed.),

, pp. 151-176.

GONTIJO, C. S., ZILLE, J. A. Baêta (ed.). “Os filósofos e seus repertórios”. Série

Diálogos com o Som, Vol. 5. Belo Horizonte: Ed. UEMG, 2019.

HANSLICK, E. “Vom Musikalisch-Schönen: Ein Beitrag zur Revision der Ästhetik

der Tonkunst“. Leipzig: Druck und Verlag von Breitkopf & Härtel, 1922 [e-book].

HERÁCLITO. “Os Pré-Socráticos”. Tradução J. C. Souza et al. São Paulo: Nova

Cultural, 1996 (Coleção Os Pensadores).

JANKÉLÉVITCH, V. «Debussy et le mystère de L‘instant». Paris: Plon, 2019 [1976].

______. «Fauré et l’inexprimable». Paris: Librairie Plon, 1974.

______. «La musique et l’ineffable». Paris: Seuil, 1983.

______. “A música e o inefável”. Tradução C. S. G. São Paulo: Perspectiva LTDA, 2018.

JOHNSTONE, M. A. “Aristotle on Sounds”, British Journal for the History of Philosophy,

Vol. 21, Nr. 4, 2013, pp. 631-648.

KOZAK, M. “Enacting Musical Time”. New York: Oxford University Press, 2020.

KRAMER, J. D. “The Time of Music”. New York: Schirmer Books, 1988.

LA CAZE, M., ZOLKOS, M. (ed.). “Contemporary Perspectives on Vladimir

Jankélévitch: On What Cannot be Touched”. Lanham: Lexington Books, 2019.

LOCHHEAD, J. “The Sublime, the Ineffable, and Other Dangerous Aesthetics.” Women

and Music: A Journal of Gender and Culture, 12, 2008, pp. 63-74.

______. “Can We Say What We Hear? Jankélévitch and the Bergsonian Ineffable”. In:

M. Gallope, 2012, pp. 231-235.

______. “The Metaphor of Musical Motion: Is There an Alternative”. Theory and

Practice, Vol. 14/15 (1989/1990), pp. 83-103.

MALCOLM, A. “A Treatise on Musick, Speculative, Practical & Historical”. Edinburgh:

Printed for the author, 1721 [Online]. Disponível em: https://play.google.com/books/

reader?id=gzhDAAAAcAAJ&pg=GBS.PP4&hl=pt (Acessado em 09 de dezembro

de 2021).

MARCEL, G. “Music and Philosophy”. Milwaukee, Wisconsin: Marquette University

Press, 2005a.

______. “Bergson and Music”. In: G. Marcel, 2005b, pp. 85-95.

______. “Music Understood and Music Experienced”. In: G. Marcel, 2005c, pp. 97-102.

MCBRAYER, B. M. “Mapping Mystery: Brelet, Jankélévitch, and Phenomenologies

of Music in Post-World War II France”. Pittsburgh: University of Pittsburgh, 2017.

[Tese de doutorado].

RINGS, S. “Talking and Listening with Jankélévitch.” Journal of the American

Musicological Society, Vol. 65, Nr. 1, 2012, pp. 218-223.

ROWELL, L. “El tiempo en las filosofías románticas de la música”. Anuario filosófico,

Universidad de Navarra, 29, 1996, pp.125-168.

RUMPH, S. “Fauré and the Effable: Theatricality, Reflection, and Semiosis in the

mélodies”. Journal of the American Musicological Society, Vol. 68, Nr. 3, 2015, pp.

–558.

SILVA, F. L. “Bergson: intuição e discurso filosófico”. São Paulo: Loyola, 1994.

SMALLEY, D. “Space-form and the acousmatic image”. Organized Sound, Vol. 12,

Nr. 1, Cambridge University Press, 2007, pp. 35-58.

SOCHA, E. “Bergsonismo musical: O tempo em Bergson e a noção de forma aberta

em Debussy”. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2009. [Dissertação de mestrado].

SOUZA, J. C.. “Os pré-socráticos: fragmentos, doxografia e comentários”. São Paulo:

Nova Cultural Ltda., 1996.

STRAVINSKY, I. “Poetics of Music: In the Form of Six Lessons”. Cambridge: Harvard

University Press, 1947 [1942].

STUMPF, C. “The Origins of Music”. United Kingdom: Oxford University Press.

[1911].

TOMÁS, L. “À procura da música sem sombra. Chabanon e a autonomia da música

no século XVIII”. São Paulo: Ed. Unesp, 2011.

VARÈSE, E. “The Liberation of Sound”. Perspectives of New Music, Vol. 5, Nr. 1

(Autumn – Winter), 1966 [1936], pp. 11-19.

Downloads

Publicado

14-02-2024

Como Citar

NACHMANOWICZ, R. É POSSÍVEL OUVIR O TEMPO-DURÉE? UMA CRÍTICA AO BERGSONISMO MUSICAL. Revista Kriterion, [S. l.], v. 65, n. 156, 2024. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/kriterion/article/view/37452. Acesso em: 28 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos