CASAMENTO E INTERNAÇÃO DA LIBIDO EM AGOSTINHO POR FOUCAULT

Autores

Palavras-chave:

Subjetivação, Internação, Sexualidade, Libido, Sociedade

Resumo

Neste artigo, examinarei “As confissões da carne”, de Foucault,
com o propósito de compreender primeiramente por que encontramos no
cristianismo e especialmente na obra de Agostinho a mais avançada tecnologia
matrimonial como uma instituição de internação do desejo e fundamental
da sociedade. Em seguida, a partir da tese de que “As confissões da carne”
podem ser apreciadas como um outro O Anti-Édipo, proporei que elas não
são somente uma obra antipsicanalítica, mas também antiestruturalista, com
o reconhecimento de que as sociedades judaico-cristãs não são reguladas pela
parentalidade deduzida da proibição do incesto e sim por uma conjugalidade
anterior à parentalidade e metafisicamente pré-incestuosa. Por fim, ensaiarei
um experimento interpretativo de “As confissões da carne” para reconsiderar
fundações teológicas do homem, em cotejo com o pseudo O Anti-Narciso, de
Viveiros de Castro.

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Referências

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Publicado

12-08-2024

Como Citar

SILVA FILHO, L. M. da. CASAMENTO E INTERNAÇÃO DA LIBIDO EM AGOSTINHO POR FOUCAULT. Revista Kriterion, [S. l.], v. 65, n. 157, p. e–40061, 2024. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/kriterion/article/view/40061. Acesso em: 3 out. 2024.

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Artigos