SUJEIÇÃO, SUBJETIVAÇÃO E MIGRAÇÃO: RECONFIGURAÇÕES DA GOVERNAMENTALIDADE BIOPOLÍTICA

Autores

  • Cesar Candiotto Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Palavras-chave:

Governamentalidade, Biopolítica, Sujeição, Subjetivação, Migração, Michel Foucault

Resumo

O artigo estuda, em um primeiro momento, os processos de sujeição e subjetivação nos trabalhos de Michel Foucault e sua relação com a dupla dimensão, moral e material, da governamentalidade. Se em sua dimensão moral a produção de sujeições tem como contraponto os processos éticos de subjetivação, já em sua dimensão material predomina o governo biopolítico do meio vital no qual populações são reguladas e sujeitadas em detrimento das possibilidades de subjetivação. A ênfase do governo biopolítico é especialmente observável entre as populações deslocadas em busca de sobrevivência. Em um segundo momento evoca-se, para além de Foucault, uma modalidade de população problematizada como objeto de recorrente normalização nos últimos decênios, constituída pelos migrantes de sobrevivência. O estudo percorre os traços do governo biopolítico dessa população, especialmente as reconfigurações dos processos de sujeição que a regulam. Conclui-se que ela apresenta poucas possibilidades de empreender processos de subjetivação como resistência às formas de sujeição operadas pela governamentalidade biopolítica.

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Publicado

09-10-2020

Como Citar

CANDIOTTO, C. SUJEIÇÃO, SUBJETIVAÇÃO E MIGRAÇÃO: RECONFIGURAÇÕES DA GOVERNAMENTALIDADE BIOPOLÍTICA. Revista Kriterion, [S. l.], v. 61, n. 146, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/kriterion/article/view/25745. Acesso em: 23 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos